Associação Zero lamenta “silêncio” e exige estratégia de combate à pobreza energética

A pobreza energética torna-se evidente não só no frio que se passa nas casas portuguesas, mas também no calor e na falta de condições das habitações para enfrentar essas temperaturas extremas.

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Muitas casas não têm condições para suportar temperaturas extremas, seja calor ou frio, e permitir conforto térmico a quem lá vive Nuno Ferreira Santos/ARQUIVO

A associação ambientalista Zero exigiu nesta segunda-feira a implementação da estratégia nacional de longo prazo para combater a pobreza energética, alegando que deve constituir uma "prioridade nacional" face aos milhões de portugueses que estão nessa situação.

"A Zero reforça o apelo para a aprovação desta estratégia e que a mesma traga a ambição e acção necessárias para um combate real à pobreza energética e resultados positivos para toda a população, nomeadamente para a mais vulnerável", adiantou a associação em comunicado para assinalar o Dia Nacional da Energia.

A proposta da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050 esteve em consulta pública até 3 de Março, estimando que entre 660 e 680 mil pessoas vivam numa situação de pobreza energética severa, ou seja, integram "agregados familiares em situação de pobreza cuja despesa com energia representa mais de 10% do total de rendimentos", e entre 1,1 e 2,3 milhões de pessoas encontram-se numa situação de "pobreza energética moderada".

A Zero salientou que esta foi uma segunda consulta pública do documento, após quase dois anos de "silêncio" por parte do Governo sobre esta matéria, "um atraso lamentável para um tema que é prioridade nacional".

Sobre os apoios do Fundo Ambiental para o investimento das famílias em janelas eficientes, painéis solares, isolamento térmico, bombas de calor, entre outros equipamentos, a associação ambientalista considerou que "apresentaram algumas fragilidades quanto à comunicação, processo de candidatura e plataformas, ligação ao mercado e a necessidade de formação dos profissionais que trabalham no terreno".

"A Zero considera estes apoios positivos e fundamentais para incentivar à renovação do edificado, mas alerta que os apoios disponíveis não chegam à população mais vulnerável", adiantou ainda a Zero.

Para combater a pobreza energética em Portugal, a Zero defende também que deve ser promovida a eficiência energética dos edifícios, responsáveis por 40% do consumo de energia na Europa, assim como garantido um maior apoio à população através de "formatos mais inovadores" que facilitem a renovação das habitações.

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Claudia Carvalho Silva,Carolina Pescada

A Zero salientou ainda que, este ano, o Dia Nacional da Energia decorre num momento "particularmente importante", tendo em conta que é necessário substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis, ao mesmo tempo que guerra na Ucrânia veio "evidenciar a perigosa dependência que a Europa tem do gás russo".

"Assim, o problema crónico da pobreza energética tornou-se ainda mais relevante: cada vez mais pessoas passam muito frio ou muito calor em casa, resultado de construções com pouco cuidado no isolamento térmico, baixo rendimento e preços de electricidade e de gás incomportáveis", lamentou a Zero.