PP declara “fim do sanchismo” com uma ampla vitória nas eleições regionais e municipais

Os resultados deste domingo deram uma noite de festa como há muito não se via na sede do Partido Popular de Espanha. Cidadãos desaparece do mapa e socialistas vivem pesadelo eleitoral.

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Alberto Núñez Feijóo, líder do PP EPA/Ballesteros
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É uma vitória em toda a linha do Partido Popular (PP) de centro-direita nas eleições municipais e regionais deste domingo que deixa os socialistas do PSOE fragilizados na corrida às eleições legislativas do final do ano em Espanha. O clima de festa na Calle Genova de Madrid, sede dos populares, era evidente, numa noite que correu de feição ao partido de Alberto Núñez Feijóo.

Em declarações aos jornalistas, quando a contagem ainda só ia pela metade, a secretária-geral do PP, Cuca Gamarra, declarou que “só há um vencedor da noite eleitoral e esse vencedor são os populares”, num resultado que “pintando o mapa de azul” significa “uma mudança de ciclo e o fim do sanchismo”.

Ao final da noite, a vitória do Partido Popular foi maior do que as melhores previsões: Comunidade Valenciana, Aragão, Ilhas Baleares, Cantábria, La Rioja e região de Múrcia foram conquistadas pela direita à esquerda. Nas cidades grandes, Sevilha – feudo dos socialistas na Andaluzia e a maior cidade governada até agora pelo PSOE – Valladolid, Valência, Granada, Toledo, Huelva ou Xixón vão passar a ser ter presidentes de direita.

A nível autonómico resta agora aos socialistas do PSOE a presidência do governo regional das Astúrias e o de Castela-La Mancha, curiosamente a comunidade autónoma em que o candidato dos socialistas e actual líder de governo regional, Emiliano García-Page, mais se distanciou de Pedro Sánchez e das suas opções.

Navarra pode também seguir governada à esquerda dependendo da política de pactos e do papel dos separatistas de esquerda basca do Bildu. Nem a Estremadura – comunidade autónoma onde a esquerda governava com maioria e onde nada fazia prever uma mudança - se manteve do lado dos socialistas e onde um pacto do PP com o Vox deverá assegurar a governabilidade.

As expectativas eram muitas entre os militantes do Partido Popular e a dimensão da vitória foi ampla. O objectivo inicial era ganhar em votos e tirar regiões e municípios aos socialistas, mas foi largamente ultrapassado pelos bons indicadores que foram chegando ao longo da noite. O ponto de partida baixo iria sempre ajudar a cumprir o objectivo, mas a capacidade de mobilização eleitoral dos populares resultou num turbilhão político com origem subestimada pelos socialistas e que as sondagens não detectaram.

Mapa azul

O mapa político de Espanha volta a pintar-se de azul depois de há quatro anos ter ficado marcado pelo vermelho. Os socialistas assistiram na noite eleitoral a um verdadeiro pesadelo. As causas da alteração resultam do forte desgaste da governação socialistas, da erosão do Podemos, que ficou abaixo da meta necessária para eleger em muitas das comunidades onde antes tinha representação, mas também por causa do desaparecimento do Cidadãos (que fortaleceu o Partido Popular) e o crescimento e normalização do partido de extrema-direita Vox.

É precisamente o Vox que tem agora a chave nas autonomias e municípios onde o Partido Popular precisa de apoio para chegar à maioria. As próximas semanas serão de negociações intensas entre as duas formações sobre a extensão dos acordos e a divisão das pastas consoante a ponderação das duas forças.

Na região da capital, Isabel Díaz Ayuso marcou a meta de vencer com maioria absoluta e convenceu no seu teste de força, tendo conseguido um resultado arrasador para a oposição.

Este passo era essencial para aspirar a uma linha de sucessão a Feijóo, caso o galego não consiga chegar à presidência do Governo de Espanha nas eleições do final do ano, algo que parece altamente improvável tendo em conta os resultados da última noite e as suas consequências a nível nacional. Não dependendo do Vox, Ayuso fica completamente de mãos livres para implementar a sua agenda na capital.

Também na câmara de Madrid haverá uma maioria absoluta do PP, mantendo-se o actual presidente, José Luis Martínez-Almeida, à frente dos destinos da cidade.

Calculadora em Barcelona

Em Barcelona Xavier Trias, antigo presidente da autarquia catalã, vai poder voltar a assumir o lugar de presidente. Ficou à frente dos socialistas e dos Comuns da actual presidente, Ada Colau. A cidade catalã fica agora de calculadora na mão nas próximas horas à espera dos resultados finais e dos acordos políticos que daí venham.

Na Galiza, destaque para Santiago de Compostela porque o partido nacionalista galego (BNG), ultrapassando os socialistas, deverá conseguir formar à esquerda uma maioria que lhe permita governar a capital galega. O PP foi, ainda assim, o partido mais votado na cidade.

Quanto a Bilbau, o mesmo de sempre: em democracia não houve eleição que não fosse ganha pelo Partido Nacionalista Basco e, uma vez mais, repetiu-se.

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