Os dias de Dionísio: “Mil pequeninas coisas”
Ao longo da vida, Mário Dionísio, um dos intelectuais mais marcantes do século XX português, foi alimentando um diário. O 4.º volume de Passageiro Clandestino vai de 1974 a 1980.
Em finais do século XIX, dizia Júlio César Machado que, em Portugal, escrever só poderia ser um modo de vida de quem tivesse outro. Escrever e, em certas fases, pintar, era o “maior prazer” da vida de Mário Dionísio — “a única coisa que pessoalmente de facto me interessa”, confessaria ao seu diário, em Abril de 1977. Não dispondo de heranças de família nem sendo uma personalidade especialmente talhada para fazer fortuna, bem longe disso (“nunca me interessou ser rico”), Dionísio teve de trabalhar — e trabalhar muito — para ganhar a vida, posto que modesta e frugal, acumulando a actividade da escrita com a docência (no Liceu Camões e, depois, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), com a militância cívica e política, com a redacção de prefácios, traduções, de inúmeras colaborações nos jornais e com o desempenho de alguns cargos públicos no imediato pós-25 de Abril: foi presidente da Comissão de Estudo da Reforma Educativa, entre Junho e Agosto de 1974, e da Comissão Coordenadora dos Textos de Apoio, de Agosto de 1974 a Julho de 1975; foi vogal da Comissão de Reclassificação e Saneamento do Ministério da Educação, de Novembro de 1974 a Janeiro de 1975 e director de programas da RTP, entre Novembro de 1975 e Abril de 1976.
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