Exército sérvio em alerta depois de confrontos no Kosovo

UE e EUA apelam à redução da tensão e Washington acusou Governo kosovar de “aceder pela força a edifícios municipais” no norte do Kosovo, onde os sérvios estão em maioria.

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Carro da polícia kosovar incendiado por manifestantes sérvios Reuters/STRINGER
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O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, colocou esta sexta-feira o Exército em alerta de combate e ordenou que sejam enviados soldados para a fronteira kosovar, depois de confrontos entre manifestantes e polícias em áreas de maioria sérvia no norte do Kosovo.

Belgrado justificou a medida como resposta a alegados abusos da polícia kosovar contra cidadãos sérvios em Zvecan, Zubin Potok e Leposavic, na zona de Mitrovica, de acordo com a imprensa estatal sérvia. O alerta entrou de imediato em vigor e visa defender a soberania da Sérvia.

Em entrevista à televisão, o ministro da Defesa sérvio, Milos Vucecic, explicou que o Presidente “vem alertando há dias” a comunidade internacional para esta situação. Para Belgrado, o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, procura levar as coisas até a uma “linha vermelha”, depois do “colapso completo do diálogo” e de uma “escalada no terreno”.

A União Europeia e o Departamento de Estado norte-americano mostraram esta sexta-feira preocupação e profunda rejeição face à última escalada de tensão. O Serviço Europeu para a Acção Externa emitiu um comunicado em que, além de condenar os confrontos, informa que as patrulhas da missão civil da UE no Kosovo (EULEX) foram vítimas de ataques e apelou aos dois lados que permitam que a mesma possa “cumprir o seu mandato de forma pacífica”.

“Todos devem tomar medidas para reduzir a tensão da situação e restaurar a calma de imediato”, refere o comunicado. “A UE não aceitará mais acções unilaterais ou de provocação”, acrescenta o texto que pede que se dê “prioridade à preservação da paz e da segurança no terreno”.

Por seu lado, os Estados Unidos acusaram o Governo kosovar de “aceder pela força a edifícios municipais” no norte do território, “acções que levou a cabo contra os EUA e os seus parceiros europeus”, o que merece de Washington uma “condenação enérgica”.

Para a Administração Biden, aquilo que os kosovares fizeram foi aumentar a tensão “de maneira aguda e desnecessária” e “minar” os esforços de Washington para “normalizar as relações entre Kosovo e Sérvia”, o que acabará por trazer “consequências” no que diz respeito às relações bilaterais.

“Pedimos ao primeiro-ministro Albin Kurti que mude de rumo e que todas as partes se abstenham de qualquer outra acção que inflame as tensões e promova o conflito”, refere o comunicado do Departamento de Estado.

A zona norte do Kosovo tem sido foco constante de tensões nos últimos meses. Em Abril, a comunidade sérvia, maioritária na região, boicotou as eleições locais, levando a que a participação se reduzisse a menos de 4% e que os representantes da minoria albanesa vencessem o escrutínio, os mesmos que tentaram assumir agora os seus cargos para fúria dos sérvios.

A polícia kosovar interveio para que as novas autoridades, que quinta-feira tomaram posse em instalações não oficiais, ocupassem as instalações municipais, no meio de protestos sérvios denunciando a falta de legitimidade dos eleitos. Veículos da polícia foram atacados e incendiados e as sirenes de alerta fizeram-se ouvir, de acordo com a KosovaPress.

Já no final do ano passado, o Exército sérvio tinha sido colocado "em alerta máximo de prontidão de combate" por causa da escalada no conflito entre sérvios e kosovares.

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