As autoridades responsáveis pela vida selvagem no norte dos Camarões estão a lutar contra uma manada de elefantes que invadiu a capital regional esta semana, depois de ter pisado as aldeias vizinhas, matando pelo menos duas pessoas. "Os elefantes deslocaram-se em busca de água devido à natureza árida da região", disse Jean Nyemeg, oficial das florestas e da vida selvagem, acrescentando que a manada foi avistada pela primeira vez perto da fronteira com o Chade.
Jean Nyemeg referiu que os elefantes tinham espezinhado uma criança até à morte esta semana numa aldeia perto de Maroua, a capital da região do Extremo Norte dos Camarões. Os quatro elefantes fizeram depois duas incursões em Maroua.
Estima-se que vivam nos Camarões 6830 elefantes, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, o que faz desta uma das maiores populações desta espécie em vias de extinção em África.
Os esforços de conservação aumentaram o seu número nos últimos anos. Mas a perda de habitat para plantações e aldeias faz com que os animais entrem ocasionalmente em povoações humanas, pisando culturas e casas e, por vezes, atacando pessoas.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostram pessoas a dispersarem-se e a fazerem vídeos com os seus telemóveis enquanto a manada vagueava pelas estradas de asfalto. Porém, a Reuters não conseguiu verificar as imagens.
Jean Nyemeg adiantou que os guardas-florestais, a pé, têm tentado desviar os elefantes para um parque nacional a cerca de 120 quilómetros de Maroua.
Resolver o conflito entre elefantes e humanos
O Ministério das Florestas e da Vida Selvagem disse num comunicado que os animais estavam a migrar para o Parque Nacional de Waza quando uma multidão de espectadores, desconhecendo o perigo, bloqueou a rota.
Segundo o ministério, os elefantes desorientados mataram uma pessoa, de nome Bintou, na localidade de Balda, e pediram aos habitantes locais que não se aproximassem dos animais, uma vez que estes ainda se deslocavam em direcção ao parque nacional.
Grupos de protecção da vida selvagem nos Camarões têm procurado resolver o conflito entre elefantes e humanos, que levou a protestos de rua no passado, e impedir a caça furtiva.
As secas associadas às alterações climáticas têm exacerbado as tensões, uma vez que os elefantes sedentos são mais susceptíveis de invadir aldeias e cidades.
"Quando não há água num lugar, eles migram para outros onde podem encontrar água e outros recursos", confirma Aboubakar Adamou, um oficial de desenvolvimento local da African Wildlife Foundation.