Para evitar entrada em Coimbra, IC2 pode aproveitar canal ferroviário do Choupal

Câmara Municipal de Coimbra está em conversações com Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para prolongar Mata do Choupal para Oeste.

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Novo projecto prevê edifício ponte e deslocação da estação 600 metros para Norte Miguel Manso
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Retirar o viaduto que sustenta o IC2 à entrada de Coimbra é “fundamental” para ligar a futura estação ferroviária de Coimbra B à cidade, defende o arquitecto Joan Busquets. O especialista em urbanismo está a desenvolver o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra, que receberá também alta velocidade, num processo cujo período de participação pública preventiva decorre até 29 de Maio.

Mas, para desmanchar o viaduto, é preciso uma alternativa. Aproveitar a canal que actualmente serve a Linha do Norte para atravessar o Choupal “é uma hipótese” que é “exequível”, sustentou o arquitecto catalão, numa sessão de debate público promovida pela Assembleia Municipal de Coimbra em articulação coma câmara, que decorreu nesta quarta-feira, no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra.

Esta seria uma forma de aproveitar o espaço da ponte com duas vias que será desactivada para que ao lado seja construída uma nova, com quatro vias e perto de 16 metros de largura, que comportará a alta velocidade. Seria também uma solução que permitiria retirar o tráfego de atravessamento da entrada de Coimbra e de evitar o regresso de um fantasma com duas décadas: a possibilidade de cortar ao meio a Mata do Choupal com um canal rodoviário.

De acordo com a vereadora com o pelouro do urbanismo e mobilidade da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Ana Bastos, esta nova travessia do IC2 – que aproveitará o actual canal ferroviário - até poderia ter um tabuleiro pedonal e ciclável. A responsável explica que pediu aos serviços da autarquia um relatório sobre as árvores que seriam afectadas por esta proposta e refere que 80% das espécies são invasoras, havendo também alguns pinheiros jovens que foram mais recentemente plantados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, que gere o Choupal.

Mais impacto na mata terá o canal ferroviário que será aberto a Norte da actual ponte, admite. Mas todos os planos “são objecto de avaliação ambiental”, sublinha. E querer uma nova estação em Coimbra B com alta velocidade, sustenta, significa estar preparado para que haja “impactos negativos”. Agora, há formas de os mitigar e a autarquia já começou a discutir com o ICNF a expansão do Choupal para Oeste, na ponta oposta a onde vai passar o novo canal ferroviário.

Sem prazo

A retirada do viaduto do IC2 da entrada de Coimbra é considerada “fundamental” por Busquets. “Se vai acontecer em cinco, 10 ou 20 anos, ninguém sabe”, comenta o arquitecto. Mas esta solução permitiria transformar a Rua do Padrão “num boulevard” com árvores e mais espaço para o peão, criando uma “ligação efectiva” entre a Baixa da cidade e a estação ferroviária, refere Joan Busquets, arquitecto que está também responsável pelo desenho da integração da estação de Campanhã, no Porto, e de Leiria na alta velocidade.

Esta medida exigiria também outro tipo de soluções para completar a ligação do IC2 a Coimbra, como um túnel que faria o bypass entre o Vale de Coselhas e a zona da Relvinha sob o Monte Formoso. Uma solução mais estruturada depende de um estudo de tráfego, que está em fase de contratação, explica Ana Bastos.

Já a sessão decorria há quatro horas quando o presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, Luís Marinho, sugeriu que os representantes partidários presentes na sala, cedessem o seu tempo. Alguns líderes de grupos com assento na assembleia até já tinham falado, mas o ritmo de um a cada dez minutos punha em risco o objectivo da sessão: promover a participação pública.

É que as quatro horas anteriores tinham sido preenchidas com discursos protocolares, com a apresentação de Busquets e com os apontamentos dos arquitectos José António Bandeirinha e Luís Paulo Sousa, bem como do engenheiro Álvaro Maia Seco, que tinham sido convidados a analisar a proposta.

“Dado o adiantar da hora, e porque o objectivo é ouvir as pessoas”, começou Luís Marinho, perante uma sala que começou cheia, mas que se foi esvaziando, “queria pedir aos senhores representantes dos partidos para, se puderem, reduzir o seu tempo ou prescindir dele. Seria óptimo”.

As perguntas que se seguiram demonstraram que as maiores preocupações estão relacionadas com as soluções para os nós rodoviários da Casa do Sal e do Almegue, com o impacto do plano na Mata do Choupal e do canal ferroviário de alta velocidade nas povoações a Sul de Coimbra, aproveitando a presença do vice-presidente da Infra-estruturas de Portugal, Carlos Fernandes.

De acordo com a vereadora Ana Bastos, até esta quarta-feira, chegaram à CMC sete contributos sobre o projecto de Plano de Pormenor da Estação, num processo de consulta pública que termina no dia 29 de Maio.

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