As microalgas, um novo universo na alimentação animal

A digestão das paredes celulares das microalgas é difícil, o que tem sido um desafio para os investigadores que procuram formas de as quebrar e liberar os seus nutrientes valiosos para os animais.

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Spirulina platensis (à esquerda) e Chlorella vulgaris (à direita), duas das microalgas mais estudadas a nível mundial Cátia Martins
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Sabia que existem milhares de espécies de microalgas? Estes organismos unicelulares são capazes de fazer algo incrível: capturar dióxido de carbono, usar a energia solar e produzir oxigénio.

O autor Mark Edwards em The Tiny Plant that Saved Our Planet usou a microalga Tinny Mighty Al como um super-herói para explicar como as microalgas são importantes para sustentar a vida na Terra. E não é apenas porque são uma ótima fonte de alimento, mas também porque são ricas em nutrientes e compostos bioativos. Por isso, a ciência animal está cada vez mais interessada em explorar o seu potencial para melhorar a saúde e o bem-estar animal.

Atualmente, a agricultura e a produção animal enfrentam muitos desafios, especialmente devido ao aumento da população mundial e à necessidade crescente por alimentos ricos em nutrientes, como proteínas. É por isso que, nos próximos anos, é esperado que o consumo de carne de porco aumente em todo o mundo.

No entanto, a alimentação desses animais é baseada em milho e soja, que são importados em grande quantidade por Portugal, competindo com a alimentação humana e sendo transportados por longas distâncias, já que são principalmente produzidos na América.

Uma questão importante que tem sido levantada é a busca de matérias-primas mais sustentáveis para a alimentação animal. As microalgas podem ser uma alternativa promissora porque podem ser produzidas localmente, em água doce ou salgada, e não necessitam de terra arável. A sua composição pode variar, dependendo da espécie e do ambiente em que são produzidas, mas geralmente são ricas em proteínas, hidratos de carbono, vitaminas e minerais.

Uma digestão difícil

No entanto, a digestão das paredes celulares das microalgas é difícil, o que tem sido um desafio para os investigadores que procuram formas de as quebrar e liberar os seus nutrientes valiosos para os animais. A maioria dos estudos utiliza baixos níveis de microalgas na alimentação animal, mas aumentando esses níveis poderíamos reduzir a dependência em ingredientes menos sustentáveis e ainda enriquecer a carne de porco com ácidos gordos ómega 3 e antioxidantes.

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A investigadora Cátia Martins

No nosso grupo de investigação, onde se insere este projeto de doutoramento, estamos a estudar as microalgas Spirulina platensis e Chlorella vulgaris como ingredientes na alimentação de leitões (teores superiores a 5%).

O nosso objetivo é compreender se os animais conseguem aproveitar de forma mais eficiente as propriedades nutricionais das microalgas através da suplementação com enzimas alimentares inovadoras.

Estudos anteriores em ambiente controlado mostraram que estas enzimas conseguem degradar a parede celular das microalgas. No entanto, é importante avaliar como esta abordagem pode ser utilizada de forma prática na produção suína. Para isso, é necessário considerar pré-tratamentos adequados para a inclusão das microalgas na dieta dos animais. Estamos a investigar respostas para estas e outras questões e a nossa motivação é continuar a desbravar este novo universo das microalgas.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

Estudante de doutoramento na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa

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