Três portugueses estão entre os cem activistas ambientais que continuam detidos na Suíça depois de terem protestado, na terça-feira, contra a maior feira e exposição de jactos privados na Europa, disse esta quarta-feira à Lusa um activista.
Noah Zino, porta-voz do grupo português Abolir Jactos Privados (AJP), referiu que entre os activistas detidos na terça-feira em Genebra estão três portugueses, um da AJP e dois das organizações Climáximo e Scientist Rebellion Portugal.
Zino referiu que os visados "estão incontactáveis", não sabendo mais pormenores sobre a situação.
Na terça-feira, em comunicado, as organizações Greenpeace, Stay Grounded, Extinction Rebellion e Scientist Rebellion anunciaram que cem activistas ambientais de 17 países tinham sido detidos após um "protesto pacífico", exigindo a sua "libertação imediata" e expressando a sua preocupação com os "relatos de uso excessivo da força contra os manifestantes" por parte da polícia.
Nas contas da polícia, citada pela agência noticiosa AP, foram detidos cerca de 80 activistas.
O protesto contra a feira EBACE, e que visava denunciar a poluição causada pelos voos de jactos privados no contexto de "uma crise climática sem precedentes", bloqueou temporariamente na terça-feira, durante cerca de uma hora, o tráfego aéreo no aeroporto de Genebra, o segundo mais importante na Suíça e que acolhe o evento até quinta-feira.
Os activistas entraram nos jactos em exposição, acorrentaram-se nas escadas de acesso às aeronaves, impedindo a entrada de visitantes e compradores, e exibiram cartazes, semelhantes aos rótulos das embalagens de tabaco, a advertir para os malefícios dos "mega-poluidores de luxo".
De acordo com a operadora aeroportuária de Genebra, quatro pessoas, incluindo activistas e seguranças, ficaram feridas.
As organizações ambientalistas asseguraram que "em nenhum momento" os activistas "pretenderam interromper o tráfego aéreo comercial no aeroporto de Genebra".
"Os activistas optaram por não entrar nas pistas e apenas usar as vias de serviço, tal não deveria ter afectado as operações de voo em segurança de forma alguma", argumentaram em comunicado.
Segundo o grupo Abolir Jactos Privados, que cita estudos recentes, os voos privados "produzem cerca de 10 vezes mais" de dióxido de carbono "do que um voo comercial por passageiro-quilómetro" e "causam quantidades desproporcionadas de poluição por micropartículas e ruído".
"São o meio de transporte mais poluente, mais consumidor de energia e mais injusto por passageiro", apontou em comunicado.
Para os organizadores da feira em Genebra, os manifestantes perderam a oportunidade de um "diálogo construtivo" sobre a sustentabilidade na aviação privada. Alegam que o sector está "profundamente comprometido com a acção climática", tendo reduzido 40% das emissões de carbono nos últimos 40 anos.