Mercado de carbono rendeu mais de 88 mil milhões de euros em 2022

Os esquemas globais de fixação de preços do carbono arrecadaram um recorde de 88 mil milhões de euros em 2022, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Banco Mundial.

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Vários países estão a aplicar um preço às emissões de carbono para ajudar a atingir os seus objectivos climáticos Reuters/SIPHIWE SIBEKO

Os países arrecadaram um recorde de 88 mil milhões de euros no ano passado, cobrando às empresas pela emissão de dióxido de carbono, mas os preços ainda são muito baixos para impulsionar as mudanças necessárias para cumprir as metas do acordo climático de Paris, disse o Banco Mundial num relatório divulgado esta na terça-feira.

“Mesmo em tempos económicos difíceis, os governos estão a dar prioridade a políticas directas de fixação de preços do carbono para reduzir as emissões. Mas, para realmente impulsionar a mudança à escala necessária, teremos de assistir a grandes avanços tanto em termos de cobertura como de preço”, afirmou Jennifer Sara, directora global para as alterações climáticas do Banco Mundial.

Vários países estão a aplicar um preço às emissões de carbono para ajudar a atingir os seus objectivos climáticos, sob a forma de um imposto ou de um sistema de comércio de licenças de emissão (ETS), ou sistema de limitação e comércio.

Estão em funcionamento actualmente 73 instrumentos globais de fixação de preços do carbono, contra 68, quando o Banco Mundial publicou o seu relatório de 2022, em Maio último, cobrindo cerca de 23% das emissões globais de gases com efeito de estufa.

O valor arrecadado em 2022 em receitas de carbono foi superior aos cerca de 78 mil milhões de euros arrecadados em 2021.

Em 2017, um relatório da Comissão de Alto Nível sobre Preços do Carbono informou que os preços do carbono precisam de estar na faixa entre os 50 e os 100 euros por tonelada até 2030 para manter um aumento nas temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius, o limite superior do limite acordado no acordo de Paris de 2015.

“A partir de 1 de Abril de 2023, menos de 5% das emissões globais de gases com efeito de estufa estão cobertas por um preço directo do carbono igual ou superior ao intervalo recomendado até 2030”, afirma o relatório. Ajustados pela inflação, esses preços precisariam agora de estar na faixa entre os 60 e 120 euros por tonelada, lê-se no relatório do Banco Mundial.