Oposição interna na Fretilin quer demissão da liderança após derrota “humilhante” nas eleições em Timor

Partido de Lú-Olo e de Alkatiri foi o segundo mais votado nas eleições legislativas de domingo, vencidas pela CNRT, de Xanana Gusmão.

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Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e actual secretário-geral da Fretilin, em campanha eleitoral LUSA/ANTÓNIO SAMPAIO
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Opositores internos na Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) exigiram esta terça-feira a demissão da actual liderança, que responsabilizam pelo que consideram ter sido uma derrota “humilhante” do partido histórico nas legislativas de domingo em Timor-Leste.

“Para todos os quadros da Fretilin, militantes da Fretilin, este resultado das eleições é a primeira das grandes derrotas que a Fretilin teve na sua vida política. É a única derrota que digo que é humilhante para a Fretilin”, disse à Lusa José Agostinho Sequeira, conhecido como “Somotxo”, actual deputado e ex-membro do Comité Central do partido.

“Esta liderança admitiu isso, porque já devia ter pensado numa nova liderança, como alternativa para a vitória da Fretilin. A liderança actual, Mari e Lú-Olo, já não são alternativas para a vitória da Fretilin. Isto veio provar [que] esta derrota não é da Fretilin, a derrota é da actual liderança”, afirmou.

A Fretilin foi o segundo partido mais votado no domingo, com 25,75% dos votos, o pior resultado de sempre da força política, que perdeu quatro dos 23 deputados que tinha no Parlamento, com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, a obter 41,62% e mais dez deputados que os actuais 21.

“Somotxo" falava à Lusa à margem de uma reunião de vários elementos do movimento de oposição interna à liderança de Alkatiri e Lú-Olo, que estão a analisar os resultados eleitorais.

O deputado foi candidato a presidente do partido no congresso nacional de Setembro do ano passado, altura em que fazia parte de um movimento de contestação à liderança do presidente, Francisco Guterres Lú-Olo, e do secretário-geral, Mari Alkatiri.

Entre os participantes no encontro desta terça-feira destacam-se Rui Maria Araújo, primeiro-ministro entre 2015 e 2017, e que fazia parte da lista de “Somotxo", como candidato a secretário-geral, no congresso de 2022.

“Somotxo”, Araújo e dois outros participantes, Osório Florindo e Luís Lobato, demitiram-se todos do Comité Central da Fretilin depois do congresso do ano passado.

“As figuras do Mari e do Lú-Olo estão a abusar da nossa paciência, a abusar da paciência dos militantes, estão a abusar também da nossa vontade, da nossa vontade política, estão a abusar de tudo”, afirmou "Somotxo".

Motivo pelo qual, vincou, exige “a demissão da actual liderança”, a convocatória de um congresso extraordinário e, “através de eleição directa, eleger novo presidente e novo secretário-geral”.

O deputado considerou que está em risco o futuro do partido se se mantiver a actual liderança: “Não vamos parar de lutar (…) até conseguirmos que o Mari e Lú-Olo sintam que são obstáculos para a vitória da Fretilin”.