Lucros anuais da Gazprom com queda 41,4% após sanções

Grupo controlado pelo Estado russo foi afectado pelas sanções ocidentais em reacção à invasão da Ucrânia no segundo mês do ano passado.

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EPA/ANATOLY MALTSEV

O grupo russo Gazprom registou lucros de 14,2 mil milhões de euros em 2022, menos 41,4% em relação a 2021, após uma redução nas exportações de gás para a Europa em consequência das sanções impostas devido à guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa de 24 de Fevereiro de 2022.

Dono das maiores reservas de gás do mundo e com perto de meio milhão de funcionários, o grupo, fundamental para a economia russa, foi fortemente atingido pelas sanções ocidentais impostas a Moscovo desde que a guerra começou.

Em 2022, os lucros atingiram 1,22 biliões de rublos (14,2 mil milhões de euros ao câmbio actual), contra os 2,09 biliões de rublos (24,2 mil milhões de euros) que tinha alcançado no ano anterior, segundo o relatório anual divulgado pelas agências noticiosas russas e citado pela AFP e Lusa.

Segundo um comunicado do grupo, o "aumento do pagamento de impostos no segundo semestre teve impacto no valor do lucro".

Com estes resultados, a administração da Gazprom, empresa cotada na bolsa de Moscovo, mas controlada pelo Estado russo com uma participação de 50,2%, recomendou que não fossem distribuídos aos accionistas dividendos relativos a 2022.

O ano passado ficou marcado pelo encerramento de grande parte do mercado europeu à Gazprom, após as sanções. A União Europeia visa reduzir as receitas russas ligadas à exportação de gás e usadas pelo Kremlin para financiar a ofensiva militar na Ucrânia.

Segundo números partilhados pelo fórum dos países exportadores de gás, a importação europeia de gás russo por gasoduto diminui de 55%.

Perante as dificuldades, a Gazprom, que detém o monopólio das exportações de gás russo através de gasoduto, iniciou nos últimos meses uma mudança estratégica, reorientando uma parte das suas exportações para a Ásia, onde a procura energética é forte. Paralelamente, aumentou também as vendas de gás natural liquefeito (GNL).

No entanto, os peritos consideram que é mais difícil para a Rússia reorientar as suas exportações de gás do que as do petróleo, que também foi sancionado, dado que as infra-estruturas necessárias são caras e levam tempo a ser construídas. A Gazprom prevê, por exemplo, iniciar a construção em 2024 de um novo gasoduto, "Força da Sibéria II", para o noroeste da China.