O monte Evereste está a perder neve e a tornar-se "seco e rochoso", contou o alpinista britânico Kenton Cool, que fez a sua 17.ª ascensão ao pico mais alto do mundo esta semana, confirmando o recorde de subidas ao pico desta montanha realizadas por um estrangeiro. Cool, de 49 anos, que escalou o pico de 8849 metros pela primeira vez em 2004, disse que a montanha gigante parece estar a secar agora.
"Se recuarmos até meados da década de 2000, havia muita neve", disse à Reuters numa entrevista em Katmandu, depois de regressar da sua 17.ª expedição, que foi confirmada pelas autoridades nepalesas e pelas autoridades responsáveis pelas caminhadas. "A tendência geral da montanha é ser mais rochosa e ter menos neve... Isso muda de ano para ano."
À chegada, Cool contou que nunca tinha visto o tipo de quedas de rocha que viu desta vez na face de Lhotse, ao longo da rota para o cume do Evereste. "Isso mostra como a montanha está seca agora... Penso que isso se deve à falta de precipitação, à falta de queda de neve. Pode ser o aquecimento global ou qualquer outro tipo de alteração climática."
Os cientistas afirmam que a temperatura da Terra aumentou em média 0,74 graus Celsius nos últimos 100 anos, mas o aquecimento nos Himalaias tem sido superior à média global. As autoridades confirmam que a temperatura média no Nepal está a aumentar 0,06 graus Celsius por ano, devido em parte à sua localização entre a China e a Índia, dois dos maiores poluidores do mundo.
Também esta semana, um guia nepalês de 53 anos, Kami Rita Sherpa, melhorou o seu próprio recorde de maior número de cimeiras depois de escalar o Evereste pela 27.ª vez. Cool disse que esta sua 17.ª ascensão pode não ser a última e que vai tentar regressar à montanha no próximo ano.
Mas o alpinista admite despedir-se do Evereste dentro de dois ou três anos. Escalar o Kanchenjunga, no Nepal, o terceiro pico mais alto do mundo, com 8586 metros, e o Makalu, com 8481 metros, o quinto mais alto, são algumas das aventuras nos planos de Kental Cool.