Congresso: Nelson Silva faz da “causa animal” a prioridade do PAN
Inês Sousa Real pede “reposicionamento ideológico” do partido no que diz respeito à economia e à transição energética, mas também ao nível das políticas sociais.
O ex-deputado do PAN e candidato a porta-voz do partido, Nelson Silva, que se tem insurgido contra a falta de democracia interna, declarou neste sábado perante os congressistas que o “partido merece mais e melhor, muito melhor”, e prometeu que, se for eleito, é seu propósito terminar com a “lógica de militantes de primeira e militantes de segunda”.
Na apresentação da moção global de estratégia com que se candidata, Nelson Silva deteve-se naquilo que separa a sua moção da de Inês Sousa Real e disse que “o que realmente difere as duas moções” não são as linhas programáticas, nem as redefinições ideológicas, "é o sentido de democracia que queremos que o PAN tenha, é o tipo de partido que queremos ser daqui em diante”.
“Teremos uma real separação de poderes, maior fiscalização quer a nível político, quer a nível financeiro entre congressos e daremos voz a todas as pessoas do partido”, assegurou, abrindo caminho a eleições directas a quem delas queira fazer parte. O ex-deputado afirmou também que a sua candidatura “Mais PAN” quer abrir o partido "às pessoas, à sociedade e convida a um maior escrutínio”, e garantiu que se propõe “simplificar o processo de candidaturas dentro do partido para fomentar e incentivar a participação activa".
Na moção que levou ao congresso que decorre durante todo o dia de hoje em Matosinhos, Nelson Silva defende que o partido deve ter dois porta-vozes “de géneros diferentes”, em vez de apenas um, e, numa lógica de mais democracia interna, propõe a realização de “mais fóruns de debate político interno, abrindo o PAN à participação das pessoas” numa clara tentativa de reconquistar a “credibilidade perdida”, trazendo novos votantes que “sintam a forte mensagem do PAN.”
Já relativamente à orientação política do partido, Nelson Silva declarou que a causa animal “será para o PAN sempre a sua prioridade”, a que junta a ecologia, que, afirmou, "passou a ser um bastião” do partido.
Antes, a porta-voz do PAN e novamente candidata no congresso defendera a necessidade de haver um "reposicionamento ideológico" do partido no que diz respeito à "economia, a economia verde, a transição energética que deve ocorrer, mas também as políticas sociais", porque, defendeu, "há um campo politico" em Portugal que "não está claramente ocupado e que o PAN tem a potencialidade de ocupar".
"Fica muito claro nesta candidatura que queremos projectar o PAN como o partido ambientalista português, consolidando a nossa entrada nos European Greens [a formação política europeia que congrega os vários partidos ecologistas nacionais na Europa] também trabalhando para alcançarmos mais conquistas de relevância nestas matérias", acrescentou Inês Sousa Real, referindo que a sua moção está "profundamente ligada com a alteração dos estatutos" do partido e parte de um contexto "muito diferente" do que imaginava.
"As prioridades ambientais, de protecção animal ou os avanços ao nível social nos direitos humanos passaram para um plano muito pouco prioritário e até conturbado face ao contexto político dos últimos anos", evidenciou na apresentação da sua moção de estratégia global perante os congressistas reunidos numa escola em Matosinhos.
A criação de um conselho consultivo e de uma juventude partidária e também de um núcleo de imigração para "projectar" aquele colectivo como "o partido ambientalista português” são outras medidas que constam da moção.