Presidente “prefere” maioria absoluta e os dois maiores partidos de Timor acreditam que é possível
Apesar de só ter acontecido uma vez, CNRT, de Xanana Gusmão, e Fretilin, no Governo, manifestam confiança total em alcançar a maioria no Parlamento nas eleições legislativas deste domingo.
Mais de 890 mil timorenses – o maior número de sempre de eleitores registados, numa população de cerca de 1,3 milhões – são chamados às urnas neste domingo, em Timor-Leste, para eleger os 65 membros do Parlamento Nacional.
Os últimos dias de campanha dos 17 partidos que participam na votação na antiga colónia portuguesa ficaram marcados pelas declarações do Presidente, que, numa entrevista à Lusa, assumiu “preferir” que “haja um partido que ganhe com a maioria absoluta”.
José Ramos-Horta apressou-se a esclarecer que esse cenário não significa que o partido vencedor “deva governar sozinho”, mas as duas principais forças políticas de Timor aderiram ao mote e manifestaram total confiança de que vão eleger os 33 lugares necessários para a maioria parlamentar.
Nas quatro eleições legislativas realizadas desde a restauração da independência de Timor, em 2002, só uma vez (2018) é que foi alcançada uma maioria absoluta e num quadro de coligação pré-eleitoral entre três partidos.
Por outro lado, o país atravessa um prolongado período de crise institucional, iniciado em 2017, que aumentou a rivalidade entre as principais figuras do processo de consolidação da democracia timorense, e que serviu de pano de fundo para as eleições presidenciais do ano passado, vencidas por Ramos-Horta.
Ainda assim, tanto a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), actualmente com 23 deputados e à frente do Governo, como o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), com 21 deputados, na oposição, mostram-se confiantes em alcançar esse objectivo.
“Ele é primeiro-ministro, isso é indiscutível”, perspectivou Francisco Kalbuadi, secretário-geral do CNRT, referindo-se a Xanana Gusmão, o antigo chefe do Governo (2007-2015) e Presidente da República (2002-2007), que procura regressar à liderança do executivo.
Citado pela Lusa, Kalbuadi diz estar “100% optimista” numa vitória folgada do partido e numa maioria parlamentar. “Eu tenho um pouco de experiência. (…) Trinta e seis cadeiras [estão] garantidas [no Parlamento]. A contagem é conservadora, até”, garante.
Na mesma linha, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin e antigo primeiro-ministro, afirmou que o partido está “muito confiante” de que vai reforçar a sua representação no Parlamento Nacional, tendo deixado um “conselho” a Ramos-Horta – que foi apoiado pelo CNRT nas presidenciais de 2022.
“Como amigo, aconselho o Presidente a ponderar mais e a ver exactamente quais são as suas competências e jogar um papel positivo”, disse à Lusa.
Apesar de concorrer sozinha a estas eleições, a Fretilin fechou um acordo com o Partido Libertação Popular (PLP) e com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), seus actuais parceiros de governo, para manterem a coligação depois do acto eleitoral.
Colónia portuguesa até 1975, Timor-Leste foi invadido e anexado nesse mesmo ano pela Indonésia, tendo-se tornado o mais jovem Estado soberano do século XXI, em Maio de 2002.
Apesar dos progressos alcançados nas últimas duas décadas, o país do Pacífico ainda é um dos mais pobres do mundo, com 42% da população a viver abaixo da linha de pobreza, de acordo com as Nações Unidas, e com o Produto Interno Bruto a registar um recuo em relação a 2016, segundo o Banco Mundial.
Com Lusa