Alergias: Portugal com níveis moderados e muito elevados de pólenes na atmosfera
Boletim Polínico diz que a chuva na próxima semana pode ter um efeito de “lavagem da atmosfera”, mas ainda assim haverá elevadas concentrações de pólen. Em Maio é o pico de polinização da oliveira.
Os níveis de pólenes na atmosfera vão estar moderados e muito elevados em Portugal continental até pelo menos à próxima quinta-feira, indica o último boletim polínico da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).
A sociedade refere que devido à possibilidade de ocorrência de chuva ao longo da próxima semana, poderá ocorrer o efeito de "lavagem da atmosfera, reduzindo temporariamente a concentração de pólen no ar".
Apesar disso, estão previstos níveis moderados e muito elevados para o continente, predominando o pólen no ar essencialmente das árvores oliveira, sobreiro e carvalhos e também das ervas parietária, urtiga, gramíneas, tanchagem e azeda.
As previsões até 25 de Maio indicam que nas regiões do Algarve, Alentejo, Lisboa e Setúbal vai predominar a polinização do quenopódio.
Pico no final do mês
De acordo com a SPAIC, durante o mês de Maio irá ocorrer uma concentração muito elevada de pólen atmosférico proveniente da oliveira em Portugal Continental. O pico polínico desta espécie já começou nas regiões do Sul e Centro e irá decorrer até perto do final do mês no Centro e Norte.
Na região autónoma da Madeira, o pólen presente na atmosfera é predominantemente das árvores cipreste e eucalipto, enquanto nos Açores se destaca-se o pinheiro.
Nos dois arquipélagos, verifica-se também a polinização das ervas parietária, gramíneas, urtiga e tanchagem.
Segundo a SPAIC, devem evitar-se as actividades ao ar livre quando as concentrações polínicas forem elevadas.
A sociedade recomenda ainda manter fechadas as janelas do carro sempre que se viajar, para reduzir o contacto com os pólenes. Os motociclistas deverão usar capacete integral e recomenda-se usar óculos escuros na rua.
Em casa, a SPAIC aconselha a que se mantenham igualmente fechadas as janelas quando as concentrações dos pólenes forem elevadas (de manhã, por exemplo).
A SPAIC recomenda ainda que a medicação será a forma mais eficaz de combater os sintomas de alergia, e que a consulta de um médico especialista de imunoalergologia será o mais indicado para o diagnóstico correcto e prescrição da medicação mais adequada. Alerta que a prevenção "poderá passar pela realização de vacinas antialérgicas".
Alterações climáticas "baralham"
As alterações climáticas estão a “baralhar” o calendário polínico, fazendo com que a temporada de alergias se torne mais longa e difícil. O aumento das temperaturas, combinado com níveis mais altos de ozono e dióxido de carbono (CO2), pode não só prolongar a época de floração, como promover a dispersão geográfica de plantas que dependem do vento para disseminar o pólen, refere um artigo publicado em Fevereiro na revista científica EMBO Reports.
Outros eventos climáticos extremos – como secas, intempéries e tempestades de areia – também libertam na atmosfera grandes quantidades de partículas finas, que, por sua vez, também contribuem para um risco acrescido de doenças respiratórias e alergias.
A exposição ao pólen desencadeia congestão nasal em pessoas com rinite alérgica, e pode aumentar a susceptibilidade a infecções respiratórias como a covid-19, segundo o artigo na EMBO Reports.
O boletim polínico divulga todas as semanas os níveis de pólenes existentes na atmosfera, recolhidos através da leitura de postos em várias regiões do país.