Estado compra O Bordel, de Graça Morais, para o expor no Museu do Côa
Realizada pela artista para uma encenação de Os Biombos, de Jean Genet, a pintura foi comprada pela Direcção- Geral do Património Cultural, por 60 mil euros, ao encenador Carlos Avilez.
A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) comprou para a Colecção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), por 60 mil euros, a obra O Bordel, de Graça Morais, que vai ficar depositada e exposta no Museu do Côa.
A aquisição foi feita ao encenador Carlos Avilez, que contou à Lusa que O Bordel faz parte de um conjunto maior, pintado pela artista para a peça Os Biombos, de Jean Genet, que o Teatro Experimental de Cascais levou à cena em 1993, com encenação do próprio Avilez e cenografia de Graça Morais.
Em resposta à Lusa, fonte oficial da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) afirmou que a obra vai ser "incorporada na Colecção de Arte Contemporânea do Estado e será depositada no Museu do Côa, onde ficará exposta brevemente, em data a anunciar".
A DGPC usou o seu próprio orçamento para a aquisição desta pintura, não tendo recorrido "à dotação atribuída à CACE para aquisição de obras por proposta da respectiva comissão", adiantou a mesma fonte.
Avilez mostrou-se satisfeito pela aquisição pelo Estado de uma obra de Graça Morais, realçando o facto de esta ir ficar exposta no museu do Côa.
Foi precisamente neste, dedicado à arte paleolítica ao ar livre do vale do Côa, que a CACE iniciou um processo de itinerância, em Fevereiro, com a exposição Dark Safari.
Com obras de Andy Warhol, Fernão Cruz, Helena Almeida, Hugo Canoilas, Jimmie Durham, João Fonte Santa, Ana Pérez-Quiroga, Kiluanji Kia Henda, Luís Lázaro Matos, On Kawara, Sara Bichão e Tiago Baptista, entre outros artistas, Dark Safari está patente em dois pólos, no Museu do Côa e no Centro Cultural de Foz Côa, até 30 de Julho.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse à Lusa, em Janeiro, que a presença desta exposição em Foz Côa marcava o início da circulação da CACE por todo o território nacional, garantindo que o programa anual de aquisições cumpre a função de "colocar a arte em fruição pública, em linha com a estratégia de democratização do acesso à cultura, uma prioridade do Governo".
"A escolha de Foz Côa para acolher esta primeira grande exposição da CACE tem especial simbolismo: acontece num território de baixa densidade, distante das áreas metropolitanas, e, além do mais, é muito enriquecedor apresentar o trabalho de artistas contemporâneos num espaço que os coloca em diálogo com as primeiras manifestações artísticas do Homem, daquilo a que hoje poderíamos chamar de 'arte pública'", disse o governante, na altura.
Sucedendo à exposição Graça Morais: Mapas da Terra e do Tempo, patente desde Junho do ano passado até ao final de Janeiro deste ano, Dark Safari foi a exposição mais visitada de sempre no Museu do Côa, atingindo 37.000 entradas, "um número recorde", como sublinhou a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, quando do encerramento desta mostra.