Nove lobos, três grifos e dois corvos foram envenenados em Itália, provavelmente por agricultores “culturalmente medievais”, anunciou esta quinta-feira o centenário Parque de Abruzzo, Lazio e Molise, um dos mais importantes no país, cuja área, de 80 mil hectares, envolve 24 municípios.
De acordo com a direcção do parque, uma matilha de lobos, que vivia na área de Olmo de Bobbi, foi, no espaço de uma semana, dizimada. O caso está sob investigação das autoridades, mas, para os responsáveis pelo parque, é quase certo que as mortes foram provocadas por iscos envenenados.
“A descoberta de alguns pedaços ensopados em produtos químicos deixa poucas dúvidas e abre cenários dramáticos sobre como, em 2023, existem ainda pessoas ligadas a actividades arcaicas e cobardes, que acham poder fazer justiça por si mesmas, eliminando o inimigo”, lê-se no comunicado.
De acordo com o parque, que exige penas severas para os agricultores e criadores de gado responsáveis, os “criminosos estão a tentar fazer com que a Região Verde da Europa [o parque nacional], que se tornou símbolo da coexistência entre humanos e predadores, recue até aos costumes medievais”. Além disso, explica, o incidente está relacionado com a “limpeza de Primavera”, ou seja, a eliminação dos animais considerados “prejudicais”, lamentando que tal prática não tenha sido abandonada pelos habitantes dos municípios incluídos no perímetro do parque.
Em Itália, a coexistência entre seres humanos e animais selvagens tornou-se um assunto sensível, depois de, em Abril, uma ursa, mais tarde capturada, ter sido responsável pela morte de um corredor na região de Trentino, no Nordeste italiano.
As autoridades locais decretaram o abate da ursa, com historial de ataque a pessoas, mas as associações ambientais recorreram da decisão. A decisão final será tomada na próxima semana.