China e Rússia em destaque na cimeira do G7 em Hiroxima

Entre sexta-feira e domingo, os líderes das principais economias do mundo vão tentar limar as arestas das suas divergências sobre o futuro da guerra na Ucrânia e a ascensão da China.

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No caso da Rússia, o chanceler alemão, Olaf Scholz, prefere apertar as sanções em vigor do que aprovar novas restrições EPA/HANNIBAL HANSCHKE

Os líderes do grupo das sete economias mais avançadas do mundo – o G7 – vão reunir-se na cidade japonesa de Hiroxima, a partir de sexta-feira, para tentarem concertar uma posição comum sobre a melhor forma de enfrentar dois dos maiores desafios actuais: a continuação da guerra na Ucrânia, provocada por uma invasão russa que pôs em causa a estabilidade e a segurança na Europa, e a ascensão económica da China, cuja influência preocupa de formas distintas as maiores economias europeias.

Nesta quarta-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu a aprovação de "medidas pragmáticas" para prevenir que as sanções impostas à Rússia sejam contornadas, num apelo que pode ser visto como uma posição mais moderada do que a da Administração norte-americana, que prefere proibições alargadas a todos os sectores da economia russa.

"Estamos a promover um desenvolvimento pragmático", disse Scholz quando questionado sobre o assunto à margem da cimeira do Conselho da Europa, na Islândia. O chanceler alemão espera que se chegue a um acordo "sem grandes mudanças no sistema".

As divisões no seio do G7 são ainda mais visíveis em relação à China, segundo várias fontes contactadas pela agência Reuters. Em particular, parece não haver consenso sobre a melhor forma de fazer soar o alerta contra a ameaça da China às cadeias de abastecimento globais, sem alienar, ao mesmo tempo, um poderoso e importante parceiro comercial.

Todos os países do G7 – Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá e Itália – estão intimamente ligados à China em termos comerciais.

Na opinião de Narushige Michishita, professor no Instituto de Estudos Políticos de Tóquio, um dos assuntos mais importantes na cimeira que começa na sexta-feira e que termina no domingo é de que forma vai o G7 lidar com "a grande competição pelo poder".

"Eles vão ter de responder aos desafios da segurança económica e de lidar com as tecnologias sensíveis", disse Michishita à Reuters. "Tudo faz parte da grande competição pelo poder que está em curso entre os Estados Unidos e a Rússia, e entre os Estados Unidos e a China."

No início da semana, um representante da Administração Biden, citado sob anonimato pela Reuters, disse que a cimeira do G7 em Hiroxima vai ser um momento de união em relação a uma abordagem comum sobre a China, apesar de ter admitido que esse "é um dos assuntos mais complexos" em cima da mesa.

Num exemplo dessa complexidade, o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem insistido na sua proposta de uma "autonomia estratégica" da Europa em relação aos EUA e à China. Em Abril, durante uma visita a Pequim, Macron defendeu que a União Europeia deve trabalhar no sentido de diminuir a sua dependência dos EUA.

A cimeira que decorre num hotel numa ilha que faz parte da cidade de Hiroxima – vai ser a primeira com a participação dos novos primeiros-ministros do Reino Unido e de Itália, Rishi Sunak e Giorgia Meloni; e vai também contar com a presença, com o estatuto de observadores, de vários países do chamado Sul Global, incluindo a Índia e o Vietname.