Mortes por AVC diminuem e aumentam óbitos por cancros do pulmão, brônquios e traqueia em 2021

Mortes por doenças do aparelho circulatório diminuíram em 2021 mas continuam a ser a principal causa de morte, indica o INE, que destaca peso da covid-19 no total dos óbitos nesse ano.

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Peso da covid-19 no total das causas de morte em 2021 é de 10,4% Paulo Pimenta
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As doenças do aparelho circulatório e os tumores malignos continuaram a ser os grandes grupos de causas de morte em 2021 mas diminuíram face ao primeiro ano da pandemia, enquanto a covid-19 foi declarada como a causa principal em 12.986 óbitos, quase o dobro do ano anterior (7125), adianta o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Numa análise sobre as grandes causas de morte em 2021, o INE especifica que, além da expressiva subida das mortes por covid-19, aumentaram 1,9% as mortes por tumores malignos do pulmão, brônquios e traqueia (4400) e diminuíram as provocadas por cancros do cólon, recto e ânus (3609). O INE não analisa as mortes por outros tumores malignos.

Em 2021, merece destaque a diminuição dos óbitos por acidentes vasculares cerebrais (9613) - menos 16% do que em 2020 -, por enfarte de miocárdio (3977) e por doença isquémica do coração (6683) - em ambos os casos menos 2,4% do que no primeiro ano da pandemia.

Feita a partir da revisão das causas declaradas pelos médicos nos certificados de óbito, esta é uma análise limitada, uma vez que considera apenas as grandes causas de morte, pelo que vai ser necessário aguardar pela informação mais detalhada que a Direcção-Geral da Saúde está a preparar, com mais de um ano de desfasamento.

“Em 2021, as doenças do aparelho circulatório continuaram a estar na origem do maior número de óbitos em Portugal (32 452), apesar da descida de 6,2% em relação ao ano anterior. Em termos relativos, representaram 25,9% do total de óbitos, menos 5,9 pontos percentuais do que no ano anterior e menos 4 pontos percentuais do que em 2019”, contabiliza o INE.

Mas esta diminuição "não se reflectiu numa diminuição do número médio de anos potenciais de vida perdidos" devido a estas patologias, "tendo mesmo subido 0,4 anos em relação ao ano anterior (10,3 em 2020 e 10,7 anos em 2021), em consequência de uma maior mortalidade antes dos 70 anos de idade", frisa.

Covid responsável por 10,4% dos óbitos

A covid-19, a nova doença diagnosticada em 2020 e que é considerada isoladamente nas estatísticas, “foi a segunda principal causa de morte no ano, com 12.986 óbitos, representando 10,4% do total de óbitos ocorridos no país”.

Este resultado “tem em conta o número de óbitos em que a causa básica de morte, ou seja, a doença que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram à morte” foi a covid-19, enfatiza o INE, que realça que mais de 80% das mortes ocorreram no primeiro trimestre de 2021, sobretudo nos meses de Janeiro e Fevereiro, em que se registou um pico inaudito de óbitos pela nova doença.

No entanto, se olharmos para as causas de morte por grandes grupos de doenças, os tumores malignos são a segunda causa de morte, como é habitual. Mas a covid-19 suplantou em 2021 os óbitos provocados por todas as doenças do aparelho respiratório, que surgiam normalmente em terceiro lugar.

As doenças do aparelho respiratório causaram no total 10.273 óbitos no segundo ano da pandemia, menos 8,8% do que em 2020. Neste grande grupo, o INE destaca as mortes provocadas por pneumonia (3765), que diminuíram 13,6% face a 2020.

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