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No País dos arquitectos: Escola de Kalapanga e a importância de um projecto participativo

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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola)
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Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola) Ivo Tavares
Maquete Escola de Kapalanga
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Maquete Escola de Kapalanga Cortesia Paulo Moreira Architectures
Planta Escola de Kapalanga
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Planta Escola de Kapalanga Cortesia Paulo Moreira Architectures

No 60.º episódio do podcast “No País dos Arquitectos”, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com o arquitecto Paulo Moreira sobre a Escola de Kapalanga, em Luanda (Angola).

Como a família do arquitecto tem raízes em Moçambique e em São Tomé e Príncipe, Paulo Moreira cresceu a ouvir histórias que remetem para o imaginário africano. Logo no início da conversa, o arquitecto fala sobre o seu fascínio que desde novo teve pelo continente e lembra uma viagem que fez a Moçambique, em que visitou a escola que a sua avó “tinha ajudado não a construir, mas a angariar dinheiro” para a sua construção. Foi concretamente na Vila de João Belo, hoje conhecida como Xai-Xai, que a sua avó se reuniu com outras pessoas e organizou actividades, cujas receitas reverteram para a construção da escola.

Na entrevista, o arquitecto recorda também que, antes de avançar para o projecto da Escola de Kapalanga, fez um exercício com as crianças, em que lhes pediu que desenhassem o edifício onde iam estudar. O objectivo era perceber as necessidades da escola: “[Havia uma] grande área à frente da escola com uma árvore enorme, que tinha uma sombra muito bonita, onde os miúdos brincavam. (...) E nos desenhos todos representaram a árvore, daí eu perceber que ela era importantíssima e que tinha de ser mantida”, explica. Já depois dessa actividade, Paulo Moreira conta que houve alguns encarregados de educação que lhe sugeriram a retirada da árvore, mas ele soube que o projecto não avançaria por aí: “Acho que também é importante nós, como arquitectos, posicionarmo-nos um pouco naquilo que se pretende fazer porque, às vezes, ainda há uma certa ideia de que um projecto participativo é quase como entregar uma caneta às pessoas e [as pessoas é que] nos vão explicar como é que temos de fazer, mas não é bem isso. Nós, de facto, ouvimos as pessoas. Aliás, as pessoas é que decidiram que era para fazer uma escola e que era para fazer aquela escola.”

O projecto parte da requalificação de um edifício existente e o arquitecto esclarece que, durante o processo, substitui-se uma das paredes divisórias por uma parede amovível, permitindo a criação de uma sala de “assembleia”: “É muito bom ver que a escola, para além de escola funciona como centro comunitário. (...) O Ministério da Educação autorizou que a APDES implementasse aqui um modelo pedagógico piloto que pudesse depois ser replicado noutras escolas. Houve formação de professores nesse sentido. (...) [Actualmente], há assembleias semanais, onde (...) [se fazem] apresentações de grupo ou individuais. (...) E eu acho que os alunos ganham aí um sentido de responsabilidade.”

Paulo Moreira reconhece que o projecto permitiu não só atender às necessidades de uma população desfavorecida, mas também envolveu a comunidade, através da participação de pessoas locais na construção do edifício: “O Eduardo (o empreiteiro local) conseguiu inventar uma espécie de máquina manual, que tem uma manivela onde entra a argamassa (...) e depois [através dessa] manivela e uns furos, a máquina pulveriza o reboco, que se vai agarrando à fachada. São horas de trabalho (...), mas acho que as pessoas gostaram do resultado e perceberam que isso diferencia a escola.” Este reboco consiste numa mistura de cimento com terra avermelhada do próprio terreno. As soluções construtivas foram ajustadas à realidade climática e o arquitecto informa que “a temperatura no interior das salas” é “cerca de cinco graus inferior [em relação] ao exterior”, garantindo assim a ventilação do espaço, sem ser necessário recorrer à utilização de vidros ou de ar condicionado.

No final da entrevista, o arquitecto revela a aprendizagem que a Escola de Kapalanga lhe proporcionou: “A obra ensinou-me que o nosso papel como arquitectos pode ter impacto na formação [dos alunos]. (...) [O edifício], do ponto de vista construtivo, (...) é uma coisa mesmo muito simples, mas é bastante impressionante ver que temos a capacidade de melhorar as condições de aprendizagem e de educação destes miúdos. E, realmente, ter tantos miúdos a estudar numa escola e ver essa vida a acontecer ali é das experiências, que eu tenho como arquitecto, que mais me motiva.”

Para saber mais sobre o projecto da Escola de Kapalanga e conhecer o impacto que a arquitectura pode ter na vida das pessoas, ouça a entrevista na íntegra.


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