Vodafone prevê despedir 11 mil pessoas nos próximos três anos

A presidente executiva do grupo de telecomunicações britânico quer reduzir a actual força de trabalho em cerca de 11% ao longo dos próximos três anos, para “simplificar” a estrutura da empresa, diz.

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A Vodafone vai reduzir a força de trabalho em cerca de 11% Reuters/JON NAZCA
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A Vodafone vai despedir 11 mil pessoas ao longo dos próximos três anos, o equivalente a cerca de 11% da força de trabalho actual, com o objectivo de “simplificar” a estrutura do grupo. A estratégia foi anunciada nesta terça-feira, pela presidente executiva do grupo de telecomunicações britânico, no mesmo dia em que reportou lucros superiores a 12 mil milhões de euros no último ano financeiro.

“Hoje, anuncio os meus planos para a Vodafone. A nossa performance não tem sido boa o suficiente. Para responder às expectativas consistentemente, a Vodafone tem de mudar. A minha prioridade são os clientes, simplicidade e crescimento. Vamos simplificar a nossa organização, cortar a nossa complexidade para reconquistar a nossa competitividade”, referiu a presidente executiva da Vodafone, Margherita Della Valle, citada no comunicado em que a empresa apresenta os mais recentes resultados anuais, relativos ao ano fiscal terminado em Março de 2023.

A justificar a necessidade de mudança, aponta a empresa, está o baixo nível de retorno do capital investido, bem como as exigências elevadas de investimento no sector das telecomunicações. “Mais do que isso, a performance da Vodafone, em comparação com a da concorrência, piorou ao longo do tempo, o que está relacionado com a experiência dos nossos clientes”, aponta o comunicado.

Assim, a presidente executiva quer agora reorganizar o grupo, de forma a torná-lo a principal marca de telecomunicações na Europa e em África, assim como reforçar a aposta no segmento de empresas. Ao mesmo tempo, quer “uma organização mais simples, para aumentar a agilidade comercial da Vodafone”.

Essa “simplicidade” vai traduzir-se numa “redução de 11 mil postos de trabalho ao longo de três anos, tanto na sede como nas subsidiárias”, adianta a Vodafone. A par disto, será lançado um plano de recuperação da actividade na Alemanha, onde a actividade caiu, os preços vão ser alterados e Espanha vai passar por uma “actualização estratégica”.

Não há referências à estratégia prevista para Portugal, onde, no último ano, as receitas da Vodafone cresceram, à boleia do “forte ímpeto comercial”, com mais 183 mil contratos no segmento móvel e outros 48 mil no segmento de banda larga fixa. O PÚBLICO já questionou a Vodafone sobre se este plano de reestruturação afectará Portugal e aguarda pela resposta.

Lucros de 12 mil milhões

A reestruturação, que será a maior da história do grupo de telecomunicações, levará à saída de cerca de 11% da actual força de trabalho da Vodafone, que conta com perto de 100 mil trabalhadores. É anunciada no mesmo dia em que a empresa reporta uma melhoria significativa nos lucros anuais.

No ano fiscal terminado em Março de 2023, a Vodafone obteve lucros de 12,33 mil milhões de euros, valor mais de quatro vezes superior aos resultados líquidos que tinham sido reportados no ano anterior. Ao mesmo tempo, as receitas totais do grupo permaneceram praticamente estagnadas, com um crescimento de apenas 0,3%, fixando-se em 45,7 mil milhões de euros.

A justificar o aumento acentuado dos lucros, explica a Vodafone, está a venda de um negócio de torres de telecomunicações, um efeito não recorrente.

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