Ministério e Iave desvalorizam preocupações de escolas com provas de aferição digitais
Logística das provas em papel era “muito mais complexa” do que a sua realização em computador, defende João Costa.
O Ministério da Educação (ME) e o Instituto de Avaliação Educativa (Iave) desvalorizaram, esta segunda-feira, as preocupações manifestadas pelas escolas com a operação tecnológica necessária à realização das provas de aferição em formato digital, que arrancam na terça-feira. O ministro João Costa entende que a logística dos testes em papel era “muito mais complexa” do que a actual. “Existem todas as condições” para a realização das provas, garante Luís Pereira dos Santos, presidente do organismo público responsável pela sua feitura.
Na sexta-feira, os professores de informática alertaram para as dificuldades de conseguir instalar em tempo útil no computador de todos os alunos a aplicação necessária para a realização das provas de aferição digitais, que começam nesta terça-feira. "Dois dias úteis" foi o tempo dado às escolas para pôr em prática o "manual de instruções" para a realização das provas de aferição em formato digital, segundo a Associação Nacional de Professores de Informática.
Ao PÚBLICO, o Ministério da Educação avança que a instalação de uma aplicação nos computadores, nos quais os alunos vão realizar as provas de aferição electrónicas, “deve-se a uma necessidade imperativa de assegurar a segurança e a equidade entre os alunos”. No plano inicial do Iave estava definida a utilização de browsers seguros para a realização das provas, mas essa opção “revelou-se, durante o desenvolvimento do projecto, não ser a mais adequada para este propósito”, acrescenta a tutela.
Por isso, foi desenvolvida uma aplicação que permite, através da sua instalação nos computadores, que os alunos não possam sair da sua prova antes de a terminarem nem aceder a outras aplicações. “É de salientar que o processo de instalação da aplicação de realização das provas de aferição é muito simples e o mais possível automatizado”, diz ainda o gabinete de João Costa.
“É uma aplicação de instalação muito simples, não é necessário um professor muito especializado para fazer essa instalação. Até os próprios alunos o podem fazer, é extremamente automatizada e simples”, sublinhou, por seu turno, o presidente do Iave, esta segunda-feira, em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência de imprensa no ME para apresentar os resultados do estudo internacional PIRLS – Progress in International Reading Literacy Study, que são divulgados na terça-feira.
Luís Pereira dos Santos acredita que os alunos “tiveram tempo para testar a plataforma” em que serão feitas as provas de aferição “durante vários meses”. “Penso que existem todas as condições” para que a operação decorra com sucesso, sublinha o mesmo responsável.
A primeira das provas de aferição feitas em formato digital é a de Tecnologias da Informação e Comunicação do 8.º ano. As escolas também podem escolher entre esta terça-feira e o próximo dia 26 de Maio para realizar o teste. Por isso, a instalação da aplicação necessária pode ser feita “de uma forma muito gradual”. “As escolas vão ter tempo, com serenidade, para fazer essa instalação”, diz ainda o presidente do Iave.
Na mesma conferência de imprensa, também o ministro da Educação se referiu ao tema, para considerar a realização das provas de aferição no computador mais simples para as escolas do que o sistema anterior.
“Até aqui, a operação significava o seguinte: deslocação à escola-sede para ir buscar envelopes, distribuição por todas as escolas dos envelopes de provas, abertura, anonimização, elaboração de montinhos de provas por cada uma das turmas, verificação se as provas correspondiam com o que estava em cada saco, reporte ao júri nacional de exames da conformidade com tudo isto”, começou por explicar João Costa. “Pondo no prato na balança, a complexidade do processo em papel e toda a logística é muito mais complexa do que a que está em causa aqui”. com Clara Viana e Daniela Carmo