Turismo coloca Portugal entre os que mais crescem na UE este ano
Comissão Europeia passou a sua previsão de crescimento em Portugal este ano de 1% para 2,4%. A explicação está na forte retoma do turismo no primeiro trimestre.
A chegada de um grande número de turistas no início deste ano, vindos principalmente da América do Norte, fez a Comissão Europeia rever em forte alta a previsão de crescimento económico para Portugal em 2023, colocando o país como um dos que registará um melhor desempenho em toda a União Europeia.
Nas previsões de Primavera divulgadas esta segunda-feira, os responsáveis do executivo europeu, animados pelos resultados acima das expectativas registados na economia europeia durante o primeiro trimestre deste ano, reviram as suas estimativas para a variação do PIB ano em toda a União Europeia. Portugal foi, contudo, o país onde essa revisão foi mais acentuada.
Em Fevereiro, colocavam a economia da União Europeia a crescer 0,8% em 2023 (e a da zona euro 0,9%), tendo agora passado a apontar para um crescimento 0,2 percentuais mais elevado, de 1% (1,1% no caso da zona euro).
No que diz respeito a Portugal, depois de se ficar a saber que, no primeiro trimestre do ano, a economia cresceu 1,6% em cadeia, uma forte aceleração face à quase estagnação registada nos trimestres anteriores, Bruxelas fez uma revisão em alta da sua previsão, que em Fevereiro era de um crescimento de 1% em 2023, passando a projectar uma variação do PIB português de 2,4%.
É um número que fica acima dos 1,8% previstos pelo Governo no Programa de Estabilidade, mas que é mais baixo que os 2,6% projectados pelo Fundo Monetário Internacional na semana passada.
Este crescimento de 2,4% de Portugal, a concretizarem-se as estimativas agora divulgadas pela Comissão, voltaria a colocar o país, tal como já aconteceu em 2022, nos lugares cimeiros da UE no que diz respeito ao desempenho da economia.
Em 2022, Portugal, com uma variação do PIB de 6,7%, não só superou a média da UE de 3,5%, como foi, entre os 27 países da UE o terceiro que mais cresceu, apenas atrás da Irlanda e de Malta.
Para 2023, a previsão de crescimento de 2,4% é mais do dobro da média estimada para UE, de 1% e é a quarta maior entre os 27 países da UE, atrás novamente da Irlanda e de Malta, para além também da Roménia.
De notar que, no caso da Irlanda, como destaca a Comissão Europeia nas suas previsões, os fortes crescimentos de 12% no ano passado e de 5,5% previsto para este ano se devem em larga medida aos resultados das multinacionais presentes no país, sendo que “a procura interna modificada, que melhor reflecte a actividade económica subjacente do país, se estima ter crescido 8,2% em 2022 e 2% em 2023”.
Já a explicação para o resultado agora antecipado para a economia portuguesa para este ano está, dizem os responsáveis da Comissão, naquilo que aconteceu durante aos primeiros três meses do ano no sector do turismo. “O sector externo foi o principal motor de crescimento no primeiro trimestre de 2023, beneficiando de uma recuperação das cadeias de distribuição mundiais e de uma aumento muito forte das visitas de turistas, em particular da América do Norte”, escreve a Comissão no relatório publicado esta segunda-feira.
Bruxelas destaca ainda o contributo que foi dado para a variação do PIB português pelo facto de as importações terem crescido de forma mais moderada, algo que está também relacionado com “a forte recuperação das reservas de água em Portugal”, que permitiram uma melhoria do saldo com o exterior, “à medida que a retoma da produção hidroeléctrica reduziu a procura de importações de electricidade e gás natural”.
Para 2024, o optimismo de Bruxelas em relação ao desempenho da economia portuguesa modera-se. É verdade que a Comissão Europeia volta a prever um resultado acima da média da UE, com Portugal a crescer 1,8% e a UE 1,7%. Mas neste caso, as previsões apontam para que a economia portuguesa supere essencialmente as maiores economias do continente, registando uma variação do PIB inferior à da maioria dos seus parceiros de pequena e média dimensão.
Bruxelas prevê que, apesar do crescimento mais forte da economia em 2023, a taxa de desemprego em Portugal suba de 6% para 6,5% no decorrer deste ano, recuando depois ligeiramente para 6,3% em 2024.
No que diz respeito à inflação, em linha com aquilo que também é antecipado pelo Governo, o FMI ou o Banco de Portugal, a Comissão Europeia aponta para uma redução progressiva do ritmo de subida de preços, com a taxa de inflação harmonizada a passar de 8,1% em 2022 para 5,1% em 2023 e 2,7% em 2024, números todos eles ligeiramente abaixo dos projectados para a média da UE.