O Verão em Abril por imagens: mapas, recordes e gráficos

Numa leitura rápida, confira através de mapas e gráficos os extremos de um Abril invulgarmente quente e seco. Assinala-se ainda que foi o terceiro Abril mais seco e o quarto mais quente desde 1931.

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Em 2023, Portugal passou pelo terceiro Abril mais seco desde 1931 GettyImages
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Sim, é verdade que o mês de Maio já vai quase a meio, mas os meteorologistas precisam de tempo para interpretar o clima. Só esta seman,a o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) divulgou o boletim mensal do mês de Abril. Antes da divulgação do relatório detalhado, já tínhamos algumas pistas. Mas as previsões e suspeitas não chegam. Era preciso chegar até ao fim do mês de Abril e fazer bem as contas para vermos quando, onde e como passámos dos limites neste Verão fora do tempo.

O boletim do IPMA sobre Abril tem 21 páginas, mas é possível poupar algum tempo na leitura dos dados do clima. Uma das formas de o fazer é olhar para uma imagem e socorrermo-nos das legendas, ou seguirmos o instinto de associar (como numa torneira) o vermelho a uma temperatura quente e o azul ao frio. Outra dica para a leitura cromática é procurarmos o amarelo para ligar à terra seca. Entre os vários gráficos, tabelas e mapas partilhados pelo IPMA, destacamos aqui alguns dos mais importantes indicadores do retrato do mês de Abril.

Começamos pela análise da temperatura máxima ao longo de Abril. O IPMA lembra que foram ultrapassados os anteriores maiores valores da temperatura máxima e mínima do ar em várias estações meteorológicas da rede IPMA do continente, algumas séries com mais de 60 anos: 60% das estações meteorológicas ultrapassaram os anteriores valores extremos de temperatura máxima do ar; 45% das estações registaram novos extremos de temperatura máxima do ar, no dia 27; em 11 estações, os recordes alcançados nos dias 17 e 26 foram ultrapassados no dia 27. A temperatura máxima do ar foi a mais alta desde 1931 para o mês de Abril, com um valor médio de 23,77 graus Celsius, 5,59 graus acima do valor normal no período de referência (1971-2000).

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Baixando o termóstato, espreitemos as anomalias nos valores da temperatura média. Foi o quarto Abril mais quente desde 1931 (o valor mais alto data de 1945, com 17,19 graus Celsius) com um valor médio da temperatura média do ar, 16,59 graus Celsius.

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Agora, juntemos um pouco de tudo, com a apresentação da distribuição espacial dos valores médios da temperatura média do ar e anomalias das temperaturas média, mínima e máxima. Este mês foi marcado por valores diários da temperatura média e máxima do ar, quase sempre acima do valor médio mensal 1971-2000, em especial nas regiões do interior norte e centro, vale do Tejo e Alentejo.

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Sobre as ondas de calor, confirmam-se que foram três. A primeira, de 2 a 11 de Abril: 75% das estações estiveram em onda de calor abrangendo as regiões do interior norte e centro, vale do Tejo e Alentejo. Seguiu-se nova onda entre 15 e 21 de Abril, com 45% das estações em onda de calor abrangendo essencialmente as regiões do interior. Por fim, de 23 de Abril a 9 Maio, Portugal teve 50% das estações em onda de calor, abrangendo as regiões do interior norte e centro, vale do Tejo, Alentejo e sotavento algarvio.

O IPMA sublinha que o número de dias ocorridos nestas ondas de calor em Abril 2023, pela sua duração e abrangência espacial, não será um evento de carácter excepcional (se olharmos para o período entre 2017 e 1997), ainda que, admitem, estas ondas possam considerar-se das mais intensas.

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Sobre a chuva, ouvimos mais do que uma vez que não se fez jus ao ditado que promete águas mil. No mês de Abril 2023, o total de precipitação mensal, 18,2mm, foi muito inferior ao valor médio (23%), fazendo deste o terceiro Abril mais seco desde 1931. Verificaram-se valores inferiores ao normal, com percentagens inferiores a 30% tanto na região a norte como na região a sul. O maior valor mensal da quantidade de precipitação em Abril foi registado na estação meteorológica de Vila Nova de Cerveira (106,9mm) e o menor valor em Castro Marim (1,6mm).

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Por fim, ficam os dados que nos trazem o mau prenúncio de uma seca aguda que podemos ter pela frente nos próximos meses. Verificou-se um aumento significativo da área e da intensidade em seca meteorológica; destaca-se a região nordeste na classe de seca moderada, e na região sul os distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro nas classes de seca severa a extrema. No final de Abril, 89% do território estava em seca, com 34% nas classes de seca severa e extrema.

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Sabemos que o diagnóstico piorou com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a falar em 40% do território nacional em seca severa e extrema no dia 8 de Maio. Sobre a percentagem de água no solo, registou-se "uma diminuição muito significativa da percentagem de água no solo em todo o território; regiões do Nordeste Transmontano, vale do Tejo, Baixo Alentejo e Algarve com valores de percentagem de água no solo inferiores a 10% e com alguns locais ao nível do ponto de emurchecimento permanente".