Bobi, o cão mais velho do mundo, fez anos — e a festa continua noite dentro

Bobi celebrou 31 anos no dia 11 de Maio. Este sábado, a aldeia de Conqueiros, em Leiria, encheu-se de locais e estrangeiros para conhecerem o cão mais velho do mundo.

Cachorro
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Maria Floriano e Leonel Costa, os donos do Bobi DR
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O Bobi é bem conhecido pelos habitantes da aldeia de Conqueiros, Leiria DR
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Bobi é uma estrela. Na imagem com a médica veterinária Karen Becker e o representante do Guiness DR
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Bobi é o cão mais velho do mundo DR
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O Bobi é bem conhecido pelos habitantes da aldeia de Conqueiros, mas também além-fronteiras DR
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Alguns dos convidados para a festa dos 31 anos do cão mais velho do mundo DR
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Leonel Castro com o Bobi DR
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Faltam poucas horas para a festa de anos do Bobi, mas ainda há muito para fazer. O relógio marca 15h e aos poucos começam a chegar os primeiros convidados internacionais. Dois veterinários do Canadá e dos Estados Unidos e um repórter do Guinness World Records foram os primeiros a chegar. Na mesa da cozinha já estão as pilhas de pratos a postos para os servir, assim como aos outros 110 convidados que chegarão à hora marcada à aldeia de Conqueiros, em Leiria: 16h.

Bobi, que parece estar a gostar de ter a casa cheia (e de conviver com Pats, o cão-guia de um dos veterinários), divide o tempo entre festinhas e brincadeiras com os convidados. O cão celebrou 31 anos na quarta-feira, dia 11 de Maio, mas a festa (e os presentes) ficaram guardados para este sábado, dia 13.

Apesar de as marcas da idade serem visíveis – especialmente depois de 2018, quando sofreu o equivalente a um AVC e ficou com paralisia facial – Bobi mostra que está de perfeita saúde e aguarda pela ementa. Como só come comida humana, o menu foi pensado consoante os gostos do aniversariante. Para o almoço houve dourada e, pela tarde fora, seguem-se as sardinhas, o presunto, o caldo verde, a sopa de peixe e um dos pratos favoritos do cão: porco no espeto.

Leonel Costa, o dono, e a mãe Maria não tiveram mãos a medir nas últimas três semanas com os preparativos para o grande dia. Leonel já queria organizar uma festa à altura da longevidade do cão, contudo tinha decidido que ainda não ia ser este ano. Um email do Guinness mudou-lhe os planos. "Como vão os preparativos para a festa de anos do Bobi?", dizia a mensagem. "Fiquei confuso e perguntei mas qual festa?”, recorda ao P3.

A resposta dizia apenas para ler as letras pequenas do contrato que assinou há pouco mais de dois meses quando Bobi passou a ser o actual recordista do título de cão mais velho do mundo e de sempre. “Na verdade, no documento há uma frase que fala sobre isso, mas confesso que não li as letras pequenas."

EPA/PAULO CUNHA
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Leonel Castro e Maria Floriano demoraram quase um mês a preparar tudo, sem apoios financeiros ou parcerias. Ainda assim, houve tempo para pensar na decoração ao pormenor e incluir homenagens ao cão em várias zonas da casa. Numa das paredes há um vídeo com imagens do animal desde cachorro até agora.

No exterior também há todo um cenário montado para o aniversariante: balões, estatuetas em miniatura e, claro, os dois títulos do Guinness. Bobi passa calmamente por eles e senta-se perto do dono que explica como será a o resto da festa. “A festa tem que ver com Portugal. Vamos ter acordeonistas e o rancho folclórico da nossa terra com o Bobi a participar numa das danças. Nada que um bocadinho de presunto não resolva”, explica, entre risos.

Ainda assim, diz Leonel Costa, a festa foi feita “dentro das possibilidades”. Não fez contas, mas certamente já ultrapassa os 700 euros. Leonel não ganha nada com isto, mas diz que também não é esse o motivo do convívio. E mais, o Bobi agradece, mas não aceita presentes. “Ele não come ração e se trouxerem isso de presente claro que vou levar a uma instituição, mas não há necessidade de as pessoas estarem a gastar dinheiro”, destaca Leonel.

O veterinário Peter Dobias veio do Canadá com o cão Pats para o evento que descreve como “inspirador”. "Todos adorávamos que os nossos cães vivessem muito e fossem felizes. Dizem que se não tivermos amigos temos 50% probabilidade de ter mais problemas. O Bobi tem amigos e uma família espantosa está a ensinar-me como devo cuidar do meu cão”, afirma.

Pouco depois das 16h, chegam mais convidados (desta vez portugueses), incluindo figuras da terra que já conhecem Bobi desde os seus dias de juventude, quando saía de casa de noite e só voltava na manhã seguinte ou quando teimava em acompanhar Leonel, agora com 38 anos, à escola. “Bobi! Anda, Bobi”, diz uma criança assim que vê o cão que acede ao pedido e dá duas corridas.

Alimentação humana e sem ultraprocessados

Ao contrário de outros cães, Bobi não se incomoda com o barulho das conversas, dos pratos a baterem nas mesas e do ladrar do outro cão. Em vez disso, vai para junto da animação e, se vir alguém sentado à sombra, vai fazer um pouco de companhia. Talvez receba algum petisco.

Karen Becker, médica veterinária que veio dos Estados Unidos especialmente para o aniversário, acredita que o facto de o Bobi estar perto da natureza e ter uma alimentação humana “e livre de ingredientes de químicos e ingredientes processados” são factores determinantes para a longevidade do animal.

“As análises às fezes mostram que o Bobi é um unicórnio. Os genes têm mais colónias do que qualquer um dos mais de 100 cães analisados. Também recolhi amostras de saliva para ver o ADN dele. Os microbiologistas concordam que a comida tem grande impacto na vida dele, assim como o ambiente rural onde está”, explica. E será que tem genes incríveis? “Ainda está a ser analisado, mas dentro de dois meses vamos saber”, revela.

Leonel desfruta de cada dia com o cão, mas também sabe que um dia ficará sem ele. “Há dois dias cheguei a casa do trabalho, chamei por ele e não veio. Não conseguia andar, não se levantava sequer e levei-o logo ao veterinário onde esteve internado durante a noite”, revela.

Sustos como este fazem-no pensar no futuro e ainda mais no desejo que sempre teve de, um dia, Bobi ser pai. Como a idade já pesa e o coração está fraco, a solução será a inseminação artificial que “está para breve e andará a volta dos 400 euros”, adianta. “O Bobi representa uma linhagem de cães que tivemos a vida toda. Claro que se ele morresse iria buscar outro cão ao canil, mas não é um seguimento dele.”

O relógio da cozinha avisa que faltam dez minutos para as 17h, mas a festa ainda vai no início. Os pratos já estão todos na mesa, o porco no espeto já está no ponto e o primeiro a prová-lo foi o aniversariante.

Em relação às prendas, o único que não cumpriu foi o próprio dono que escolheu oferecer uma moldura com a fotografia do companheiro. “Para mim ele é tudo. Celebrar 31 anos com o Bobi e lembrar os anos que passamos juntos é incrível. Poder proporcionar-lhe uma festa é um orgulho muito grande e voltaria a fazê-lo amanhã. Aliás, faria a vida toda porque ele merece”, conclui.

Para o ano há mais.

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