A Matemática ajuda-te na vida adulta (mesmo): desde fazer bolos a pedir um aumento

“Mas para que vou precisar disto?” Perceber de Matemática pode ser útil para tomar boas decisões. Aqui ficam alguns exemplos.

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A Matemática ajuda-te na vida adulta (mesmo): desde fazer bolos a pedir um aumento Amol Tyagi/Unsplash
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O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, propôs que os estudantes continuem a aprender matemática até aos 18 anos, de forma a conseguirem obter a aptidão numérica necessária para a carreira e a vida adulta.

Esta proposta pode ser útil para os que são agora adolescentes — mas e os que já entraram na luta que é a vida adulta, e que se podem sentir ansiosos de cada vez que se cruzam com números?

Milhões de adultos têm dificuldades em aritmética básica. Muitos sofrem de uma fobia real — ansiedade matemática — de números, cálculos, e até da palavra “Matemática”.

Mas há alturas da nossa vida em que perceber de Matemática pode ser útil para tomar boas decisões. Aqui ficam alguns exemplos para começares a usá-la de forma mais confiante.

Usar rácios para adaptar uma receita

Encontraste uma receita que queres experimentar — mas a receita é para quatro, só estás a cozinhar para três e não queres desperdiçar ingredientes. Os rácios podem ajudar-te a resolver o problema. Isto significa dividir algo em partes. Onde, na receita, te diz para usar quatro partes de algo, só precisas de usar três. Matematicamente, podes dizer que o que precisas, comparado ao que está na receita, é num rácio de 3:4. Ou podes usar a fracção 3/4; a Matemática para resolver é a mesma.

Se a receita disser que precisas de 120 gramas de farinha, sabes que isso é a quantidade necessária para servir quatro. Para encontrares uma parte, divide 120 por quatro. Usa uma calculadora — não há problema. Uma parte equivale a 30 gramas de farinha. Depois, multiplica pelas três pessoas para quem estás a cozinhar. Isto dá-te 90 gramas de farinha a serem utilizadas na receita.

Se a receita disser seis colheres de chá de óleo, de quanto óleo precisas? Divide por quatro, o que dá 1,5. Depois, precisas de três vezes 1,5 colheres de óleo — ou seja, 4,5.

Entender as médias para veres se precisas de um aumento

Em 2021, a média anual salarial de pessoas a trabalhar a tempo inteiro no Reino Unido era 38,131 mil libras. Como entender este número?

Há formas distintas de entender a média. Neste caso, este número foi calculado somando todos os ganhos de todas as pessoas que trabalham a tempo inteiro, e depois dividido pelo número de pessoas. Mas não nos diz o quão comum é ganhar esse valor.

Esse número poderia ser alcançado se a maioria das pessoas ganhasse à volta de 38,131 mil libras, mas também se algumas pessoas ganhassem muito dinheiro e as restantes muito pouco. O valor poderia ser exactamente o mesmo.

Outra forma de entender a média é usando a mediana. Isto significa, basicamente, ordenar todas as pessoas numa linha, da que ganha menos à que ganha mais, e escolher a que fica no meio. O que essa pessoa ganha é a mediana. E isto é mais significativo, porque significa que as poucas pessoas que ganham muito mais do que as outras não enviesam a média. É o conceito usado pelo Gabinete Nacional de Estatística para falar de “ganhos médios”.

O ganho médio dos trabalhadores a tempo inteiro do Reino Unido, em 2021, era 31,285 mil libras. Se ganhares muito menos do que o salário médio da tua área, isso pode não significar muito, porque também inclui os salários dos CEOs. Mas se ganhares muito menos do que a mediana, pode valer a pena tentar perceber o que se passa.

Usar divisão mental num restaurante

Ter calculadora no telemóvel torna a divisão da conta fácil, e não é embaraçoso ter de a usar. Mas há alturas em que o telemóvel está perdido no fundo da bolsa ou sem bateria. Conseguir fazer a conta de cabeça é uma óptima habilidade.

A melhor forma de fazer divisão rápida é desenvolvendo o teu próprio método. Isso pode envolver arredondar o número para cima ou para baixo, de forma a chegar a um número mais fácil de dividir.

Imagina que tens de dividir uma conta de 92 euros por quatro pessoas: 92 está próximo de 100, e sabemos que 100 a dividir por quatro é 25. Mas 92 é menos que 100, por isso temos de tirar esses oito euros. Oito euros a dividir por quatro dá dois euros a cada um. Por isso, a conta de cada um é 25 menos dois, ou seja 23 euros.

Podes optar por arredondar 92 para um número mais baixo que seja fácil de dividir: 80, por exemplo. Isto dá 20 a cada. Há ainda um extra de 12 euros a dividir por quatro. Isto significa mais três euros a cada um, por isso, 23 euros no total.

Planear uma caminhada

Talvez estejas a planear uma viagem com alguns amigos, e talvez envolva uma caminhada pela cidade ou pelo campo. Queres planear um percurso que seja bom para todos e que não vos deixe longe do destino quando ficar escuro. A Matemática pode ajudar-te.

Há mais de um século, um alpinista escocês desenvolveu uma fórmula chamada regra de Naismith. Diz que quando planeias um percurso, deves contar com uma hora para cada cinco quilómetros e, se for a subir, acrescenta dez minutos por cada cem metros. Por isso, se o teu percurso planeado for uma caminhada de 15 quilómetros com 600 metros de subida, isto pode levar-te três horas, mais uma para a subida: quatro horas, no total.

Depois de resolvida essa questão, há outra aptidão que pode ser útil: estimar. Talvez essa caminhada seja feita de forma mais tranquila — acrescenta algum tempo. Se vais parar para almoçar, acrescenta uma hora. Podes acabar a perceber que precisas de seis horas para esse programa e, assim, podes decidir a que horas arrancar.

A Matemática existe para te ajudar. Com a mentalidade certa, todos podem aprender.


Exclusivo PÚBLICO/The Conversation
Davide Penazzi é professor de Matemática na Universidade Central Lancashire

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