É um filme sobre o desamor de mãe. É a superação de um cineasta, João Canijo, 65 anos, que caminhou em direcção a uma jovem directora de fotografia, Leonor Teles, 31, a quem se deve também este requintado díptico: Mal Viver/Viver Mal.
João Canijo — Este é o primeiro filme em que fiz o que queria fazer. Sem falhas.
Leonor Teles — Foi preciso chegares à décima longa para isso...
É a obra-prima de Canijo, digna de cinco estrelas, considera Vasco Câmara no tema de capa desta edição. Juntámos Canijo e Teles, João e Leonor, numa conversa. "A minha preocupação era esconder. Discutimos muito, eu e a Leonor, sobre as objectivas a utilizar, e ela convenceu-me a usar as mais largas. É mais forte sugerir do que mostrar. Estávamos de acordo", disse-nos o cineasta.
Fomos a Ofir, ao hotel modernista onde o filme foi rodado. "O edifício é tão bom, tem tantas possibilidades plásticas e visuais que muitas cenas foram inventadas para as suas várias perspectivas possíveis", afirmou Canijo. No nosso site, pode também conhecer a arquitectura deste hotel numa fotogaleria de Nelson Garrido.
Foi em Terra Alta (2020) que Javier Cercas criou o carismático polícia Melchor Marín. Esse livro seria o primeiro de uma série cujo terceiro volume acaba de ser lançado em Portugal, O Castelo do Barba-Azul. "Os livros não podem ser planeados, têm de surgir de necessidades profundas. Têm de chegar de lugares que nós não sabíamos que existiam. Porque a literatura, para além de ser um prazer, é sobretudo uma forma de conhecimento da realidade e dos seres humanos. Por isso, os livros têm de sair das tripas", disse o escritor espanhol na conversa com o Ípsilon, em Lisboa.
"Este horror que estamos a viver e a testemunhar é tão esmagador que qualquer arte parece inútil", confessou o encenador ucraniano Pavlo Yurov ao jornalista Gonçalo Frota, ao telefone a partir de Kiev. A guerra chamou-o e não estará em Coimbra esta sexta-feira, na apresentação de Silence, Silence, Silence, Please, peça de teatro que encara a realidade do conflito. A citação continua, há um lugar para a arte no horror das armas: "Mas é verdade que ao longo do último ano fui pensando que a arte podia funcionar como terapia para as pessoas aqui."
Quatro anos após a sua retumbante estreia no Peru, o FITEI traz ao Porto um Shakespeare "neurodiverso", criado e protagonizado por oito actores que não são – que não querem ser – "como os demais": esta noite, Hamlet tem síndrome de Down.
Juntos marcaram de forma decisiva, do vanguardismo pop e da intervenção ao sucesso popular, décadas da música portuguesa. Falamos de Tozé Brito e José Cid – ou Tozé Cid, o curioso título do disco que junta revisões deste percurso. Do Quarteto 1111 ao presente, canção a canção, fomos com eles numa viagem por mais de 50 anos de história.
Numa discoteca clássica da noite do Porto ouvimos Máximo e o seu piano. Lançou o seu primeiro álbum há dois meses e está a dar que falar. Espera que não venha a ser "só um buzz", uma moda. Julgando pelo que se ouve em Greatest Hits, começou bem
Neste Ípsilon temos também entrevistas com Alia Trabucco Zerán e Manuel S. Fonseca, que publicaremos online em breve, entre outras coisas sumarentas. Boas leituras.
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