Francisco Assis diz que Galamba devia ter insistido na demissão

O socialista e presidente do CES considera que António Costa terá sentido, ao não aceitar a demissão, “uma necessidade de fazer uma demonstração clara de que não admitia ingerências institucionais”.

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Francisco Assis é o actual presidente do CES Daniel Rocha
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Francisco Assis juntou a sua voz à daqueles que defendem que João Galamba já não devia estar no Governo. Em entrevista à RTP3, o antigo dirigente do PS e actual presidente do Conselho Económico e Social (CES) defende que o ministro das Infra-estruturas devia ter insistido na sua demissão, mesmo depois de o primeiro-ministro a ter rejeitado.

"Compreendendo o que foi a atitude do primeiro-ministro em relação a ele [João Galamba]. Compreendendo o que foi a posição do Presidente da República em relação a ele, eu diria que ele teria prestado algum serviço, até ao bom relacionamento institucional do país, se tivesse tomado uma decisão que era dizer ao primeiro-ministro que tinha ficado muito grato pela solidariedade que ele lhe tinha manifestado, mas que entendia que, neste momento, aquela decisão de pôr o lugar à disposição se devia manter", disse Assis na noite desta quarta-feira no programa Grande Entrevista.

O presidente do CES avança depois uma possível explicação para António Costa ter recusado aceitar o pedido de demissão apresentado na semana passada pelo ministro das Infra-estruturas, uma atitude que mereceu reparo público do Presidente da República.

Citando Magalhães e Silva, Francisco Assis refere que o advogado argumentou uma “coisa interessante” ao notar que “provavelmente o ministro [Galamba] só não foi demitido porque o doutor António Costa sentiu uma necessidade de fazer uma demonstração clara de que não admitia ingerências institucionais", o que leva o socialista a concluir que esta “questão acabou por ser instrumentalizada”.

Em jeito de conclusão, Assis defende que Galamba se tivesse insistido na demissão "teria prestado algum serviço ao bom relacionamento institucional” no país.

Esta quarta-feira, João Galamba falou pela primeira vez em público sobre a polémica no Ministério das Infra-estruturas causada pelo processo relacionado com a exoneração do seu ex-adjunto e o respectivo computador de serviço, garantindo aos jornalistas manter “imensas condições” para prosseguir no Governo.

Na semana passada, António Costa disse que as condições para Galamba continuar ministro medem-se “pelos resultados” que obtiver. Galamba lidera o processo de reprivatização da TAP.

Seja como for, o antigo líder parlamentar do PS não isenta o Presidente da República de responsabilidades nesta caso, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa fez uma "utilização excessiva do tema da dissolução” do Parlamento. “A palavra deve ser exercida com parcimónia”, sustenta, até porque uma dissolução agora “seria muito negativa para Portugal”.

O socialista também abordou a actuação das secretas na recuperação do computador de serviço do antigo adjunto do ministro João Galamba dizendo que "o que se passou é grave". "É grave a questão do SIS [Serviço de Informações de Segurança]. Tem de ser resolvida. Isto é uma democracia a sério, não é uma democracia a brincar”, afirmou.

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