Mais dois comandantes da Jihad Islâmica mortos na Faixa de Gaza
Em Israel, um rocket matou uma pessoa numa localidade perto de Telavive. Continuam negociações mediadas pelo Egipto.
Em mais um dia de ataques na Faixa de Gaza, as forças israelitas anunciaram que mataram mais dois comandantes da Jihad Islâmica no território. O chefe do comando Sul das Forças Armadas de Israel, Eliezer Toledano, disse que para “maximizar o potencial da operação em Gaza” quer para si dizer “matar mais operacionais da Jihad Islâmica”, cita o diário Haaretz.
“Quem quer que venha fazer-nos mal, o seu sangue está perdido”, declarou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que publicou nas redes sociais uma imagem numa base militar dando a entender que a operação deveria continuar. O jornalista Barak Ravid questionava o objectivo da continuação, comentando que “mais uma vez, Netanyahu não sabe parar uma operação”.
Já em Israel registou-se a primeira morte desde o início da operação, quando um rocket atingiu directamente um prédio de quatro andares em Rehovot, perto de Telavive, deixando uma pessoa morta e pelo menos quatro feridas.
A violência, com ataques israelitas sobre a Faixa de Gaza e rockets disparados pela Jihad Islâmica contra Israel, dura desde a madrugada de terça-feira, quando uma série de ataques mataram três comandantes da Jihad Islâmica – com as mortes desta quinta-feira, são já cinco os comandantes mortos.
Os primeiros ataques causaram ainda dez vítimas civis, entre elas quatro mulheres e quatro crianças, o que as Nações Unidas consideraram “inaceitável”, cita a emissora britânica BBC.
Esta quinta-feira, um ataque contra um apartamento em Khan Younis matou o responsável pela unidade de rockets da Jihad Islâmica e horas mais tarde o seu “número dois” foi morto num ataque numa localidade perto. O Hamas parece manter-se, até agora, fora do conflito, como aconteceu num conflito semelhante no ano passado.
Foram lançados pelo menos 547 morteiros e rockets a partir da Faixa de Gaza, e destes 153 caíram ainda em território palestiniano ou no mar, segundo o exército de Israel. Dos 394 que chegaram a Israel, a maioria foram interceptados ou aterraram em terreno aberto. Além da morte desta quinta-feira, houve ainda pessoas feridas a correr para os abrigos, segundo as autoridades locais de saúde citadas pela BBC.
O conflito actual está a opor Israel e a Jihad Islâmica, um grupo que nasceu na Faixa de Gaza da insatisfação dos palestinianos no início dos anos 1980 e que sempre tem tido uma relação de tensão com o maior grupo islamista palestiniano, o Hamas.
Esta tensão acentuou-se quando o Hamas tomou o poder na Faixa de Gaza em 2007 – depois de ter decidido participar no processo político, vencido as eleições, negociado com a Fatah para um governo de unidade nacional e acabado por entrar em conflito com a facção secular, do que resultou a tomada de poder do Hamas na Faixa de Gaza e da Fatah na Cisjordânia.
O Hamas ficou, desde então, com o fardo da governação do território, o que limita a sua disposição de atacar Israel e sofrer consequências para a população, enquanto a Jihad Islâmica tem capitalizado com esta moderação do Hamas, disse o especialista Erik Skare, da Universidade de Oslo, que escreveu dois livros sobre a Jihad Islâmica, em declarações à BBC.
O movimento tem o seu centro de poder na Faixa de Gaza, e desde a segunda intifada não teve praticamente presença na Cisjordânia – “até recentemente ter conseguido uma posição com uma nova geração que não teve a experiência da segunda intifada e os seus efeitos devastadores para as gerações mais velhas”, disse Skare.
Há mais de um ano que tem havido violência na Cisjordânia com incursões israelitas no Norte, sobretudo em Nablus e Jenin, ataques de colonos judaicos contra palestinianos e, no Estado hebraico, ataques de palestinianos contra israelitas.