Interpol pede ajuda para identificar 22 mulheres assassinadas entre 1976 e 2019
Autoridade internacional divulga retratos das vítimas e elementos de cada caso que podem ajudar a identificar estas mulheres, assassinadas entre 1976 e 2019.
A Interpol está a tentar identificar 22 mulheres assassinadas entre 1976 e 2019 na Bélgica, Alemanha e Países Baixos. Os corpos foram descobertos, mas as identidades das vítimas permanecem um mistério para as autoridades. É com a esperança de solucionar estes “casos frios” – investigações sem desenvolvimentos durante um período superior a três anos – que a Interpol lançou a Operação Identifica-me.
As informações de cada caso estão disponíveis para consulta no site da Interpol. Muitas das mortes têm contornos muito violentos. Sempre que possível, é avançado um retrato das circunstâncias da morte, mas, no caso dos cadáveres descobertos já em estado avançado de decomposição, nem sempre tal é exequível.
A Interpol foca-se também nos traços de cada vítima que podem facilitar uma identificação pelos entes queridos ou conhecidos: tatuagens, falta de dentes, marcas de nascença ou cicatrizes são os mais comuns.
É um gesto inédito a Interpol divulgar ao público os chamados “Black Notice” [Alerta Preto], boletins reservados para as forças policiais, como a própria autoridade admitiu. “A Interpol publicou um ‘Black Notice’ para cada vítima. Estes alertas são apenas para a polícia, não sendo públicos. Mas aqui partilhamos pormenores de cada caso, incluindo imagens de reconstrução facial e outros potenciais identificadores, na esperança de que alguém as reconheça”, escreve a autoridade internacional na página da campanha.
Esta operação é especialmente dirigida às pessoas que tenham conhecimento de casos de desaparecimento súbito de amigos, familiares ou conhecidos, mas o alerta é claro para todos os cidadãos: se alguém reconhecer as vítimas ou tiver pistas sobre os casos, deve entrar em contacto com as autoridades locais.
A campanha teve como propulsor o caso de uma mulher encontrada num caixote do lixo em 1999. Com ferimentos de bala na cabeça e no peito, nunca foi possível solucionar o mistério. A inspectora forense Carina Van Leeuwen está, desde 2005, a trabalhar no caso. “Nunca vou desistir na rapariga do caixote”, garante a inspectora à BBC, alargando a promessa às restantes vítimas.
Depois de tentar durante anos sem sucesso descobrir mais pormenores sobre o crime, contactou a polícia alemã e belga, procurando recolher mais casos de mulheres assassinadas que ainda não foram identificadas. A lista de 22 casos foi então compilada: nove ocorreram nos Países Baixos, sete na Bélgica e seis na Alemanha.
“Esta operação tem como objectivo devolver os nomes a estas mulheres”, sentencia Carina Van Leeuwen, adiantando que ninguém merece “ser só um número”.