Entre os rivais de Milão alguém tem de querer jogar

AC Milan e Inter já provaram não serem das equipas mais excitantes da Europa e é possível prever um jogo pouco rico. E o português Rafael Leão, que poderia quebrar essa lógica, pode nem ir a jogo.

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Inter e Milan em duelo na Liga italiana EPA/ROBERTO BREGANI
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Nesta terça-feira, houve uma “misturada” cultural entre uma equipa inglesa comandada por um espanhol, frente a uma equipa espanhola comandada por um italiano – tudo com supervisão de um grupo de árbitros portugueses, ajudados por um par de italianos. Nesta quarta-feira, a partir das 20h (TVI), a Liga dos Campeões reserva uma noite menos multicultural e também, em tese, menos rica futebolisticamente.

Nesta meia-final há Inter, há AC Milan, há técnicos italianos – e bem italianos também no estilo – e há uma cidade acesa pelo duelo entre gente que divide o mesmo espaço e que já nem se lembra bem de como é isto de jogar por uma final: o Milan não chegava aqui desde 2007 e o Inter desde 2010.

Fora do campo não se espera menos do que uma cidade parada e bancadas com o ambiente sempre “quentinho” do San Siro – e também daqui a uma semana, com repetição do cenário no Giuseppe Meazza, o mesmo espaço, mas de nome diferente consoante quem manda no palco nessa noite.

No relvado, por outro lado, é possível prever algo menos rico. Inter e Milan já provaram não serem das equipas mais excitantes da Europa e há dados que o atestam, mesmo não podendo fazer lei.

Sem bola e sem Leão

Uma viagem pelos sites Who Scored e Fotmob mostra que estão ambas no top 10 de mais passes longos por jogo (o Inter está no pódio), que o Inter é a quarta que mais tempo passa no seu terço do campo e que o Milan é a oitava que menos viaja até ao terço de campo mais ofensivo.

Depois, são das equipas que menos bolas recuperam em zonas ofensivas e estão ambas também na metade inferior da tabela em percentagem de acerto no passe.

Para terminar, como dado até mais contundente, estão ambas no top 10 de equipas da Champions com menos posse de bola, no meio de equipas modestas do panorama europeu. Nenhuma supera os 46% de posse de bola, pelo que, nesta quarta-feira, alguém que não quer jogar terá de jogar qualquer coisa. Ou então dividem a metade e todos ficam confortáveis.

Em qualquer dos casos será provável haver um jogo algo rudimentar – o Inter é a sexta que mais cruza e usa e abusa dos duelos aéreos – mas, mais do que isso, uma partida bastante cautelosa por parte de duas equipas de pouco risco e pouca vertigem.

O Milan só sofreu um golo nos últimos seis jogos europeus e o Inter ficou com a baliza a zeros em seis dos últimos dez. São equipas que defendem, defendem e defendem. Depois, se for possível e conveniente, prestam-se a atacar – mas só mesmo nesses casos e um pouco a custo.

Stefano Pioli, treinador do AC Milan, disse, na antevisão da partida, que “será necessário um grande trabalho de equipa”, enquanto Simone Inzaghi, do Inter, apontou que os jogadores “terão de usar a cabeça e o coração”. “A corrida vai durar 180 minutos e não nos podemos esquecer disso”, acrescentou ainda.

Daqui se depreende facilmente que nenhum dos treinadores quer aventuras ousadas para este primeiro jogo – e provavelmente também as desdenharão para o segundo.

Para piorar o cenário, o jogador que mais poderia quebrar este marasmo, o português Rafael Leão, está em dúvida, devido a problemas físicos. "O Rafa tem algumas características únicas nesta equipa, mas se não conseguir, jogaremos com outro. Se estiver bem, entrará no jogo, caso contrário não. Se houver riscos, não os vamos correr. Não podemos”, disse Pioli.

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