Presidente do Peru rejeita acusações de “massacre” na repressão policial dos protestos
Boluarte recusa conclusões de um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas demarca-se, ainda assim, da actuação do Exército e da polícia nos últimos meses. Morreram 60 pessoas.
A Presidente do Peru, Dina Boluarte, rejeitou “rotundamente” as conclusões de um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que acusam as forças de segurança peruanas de terem levado a cabo execuções extrajudiciais e massacres durante os protestos que abalaram o país entre Janeiro e Março deste ano.
Numa entrevista com o jornal El Comercio, cuja versão na íntegra será publicada este domingo, Boluarte também nega que as cerca de 60 mortes e as centenas de feridos resultantes dos protestos tenham sido causados por motivações raciais.
“Vamos rejeitar rotundamente [as acusações], aqui não houve nenhuma execução extrajudicial, muito menos um massacre; e nada do que aconteceu pode ser enquadrado numa estigmatização racial”, afiançou, citada pela agência noticiosa Andina.
O site do El Comercio também publicou um excerto da entrevista, no qual a Presidente se demarca, ainda assim, da actuação das forças de segurança.
“Nem os ministros, nem eu, enquanto Presidente, temos autoridade para decidir sobre os protocolos que as Forças Armadas ou Polícia Nacional têm”, sublinhou.
Iniciados no final do ano passado, os protestos foram desencadeados pela destituição e detenção do ex-Presidente Pedro Castillo, depois de uma tentativa falhada de dissolução do Parlamento.
Desde então, os apoiantes de Castillo, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas do Sul do país sul-americano, têm exigido a demissão da Boluarte, que ocupa o cargo interinamente, e a marcação de eleições no curto prazo.
A entrevista acontece pouco depois de uma comissão parlamentar ter arquivado uma denúncia apresentada contra a Presidente e contra alguns ministros e ex-ministros, por causa dos mortos e feridos durante os confrontos com as forças de segurança.
Boluarte lembrou ainda que a investigação sobre os acontecimentos durante os protestos “está nas mãos do Ministério Público”, que “terá de averiguar o que aconteceu” e, “se for caso disso, identificar individualmente cada pessoa” responsável.