Taskmaster vive da mistura entre a pompa britânica e o disparate. E é um sucesso

O final da segunda época da adaptação do formato britânico, com Vasco Palmeirim e Nuno Markl, a derradeira com o elenco que tem desde o início, vai para o ar este sábado, às 21h41, na RTP1.

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Inês Aires Pereira, Gilmário Vemba, Jessica Athayde, Toy e Teresa Guilherme no oitavio e último episódio da segunda temporada do Taskmaster apresentado por Vasco Palmeirim e Nuno Markl Madalena Esteves - Fremantle Portugal
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Este sábado à noite, o grupo inaugural de concorrentes do Taskmaster, composto por Gilmário Vemba, Jessica Athayde, Inês Aires Pereira e Toy, despede-se do programa. Tal acontece a partir das 21h41, na RTP1, no oitavo e último episódio da segunda temporada desta adaptação, encabeçada por Vasco Palmeirim e Nuno Markl, do concurso cómico original britânico iniciado em 2015 por Alex Horne. Neste formato, celebridades cumprem tarefas e são julgados pelos anfitriões, o Taskmaster Palmeirim e o seu assistente, o árbitro Markl.

É uma despedida que nem era suposto acontecer assim. Em todas as edições internacionais, o elenco, composto por cinco pessoas, muda de temporada para temporada. Cá, o quinto elemento muda de programa para programa, e houve duas épocas com as mesmas pessoas. "É a diferença entre os ingleses e os portugueses", comenta Markl ao PÚBLICO. "Somos um povo mais sentimental e agarrado às coisas e pessoas de que gostamos, acho que terá sido isso que nos levou a nós, e à RTP, a pensar: 'eh pá, se calhar ainda vale a pena espremermos estas pessoas um pouco mais", assinala.

Tudo isto foi feito com o aval do próprio criador, que se "manteve em estreita colaboração" com a versão portuguesa. "Foi das partes do processo de trabalho mais giras, de facto interagir com ele e acabar por conhecê-lo em Cannes", afiança o apresentador. Horne autorizou a experimentação. "Eles são muito control freaks, obviamente, da sua criação, mas estão abertos a que haja variações. E ficaram obviamente contentes que isto esteja a funcionar como está em Portugal, o que nos deu alguma liberdade, embora tanto eu como o Vasco sejamos super-obcecados com respeitar ao máximo o original", diz.

Uma alquimia

O programa do horário nobre dos sábados da RTP1 gerou um pequeno fenómeno em Portugal, chegando a destronar a concorrência da SIC e da TVI no mesmo horário. "Há uma magia neste formato que nem sei bem explicar, uma alquimia que não consigo processar", explica Markl. "Houve alguns episódios em que pensámos que se calhar tinha sido mais fraco, mas assim que entramos no estúdio e começamos a ver as provas com as pessoas e o público, gera-se ali uma magia qualquer", partilha Markl – e já disse ao colega que "isto parece funcionar sempre".

Tem uma teoria, contudo: "Acho que é esta mistura de uma certa pompa britânica com disparate puro". "Qualquer versão retém sempre alguma britishness no seu espírito", propõe. É algo que é "muito difícil de recriar noutros países", mas é ajudado por um "conceito tão forte" e provas "tão cómicas e surreais na maneira como estão formuladas". Sabendo de outras tentativas falhadas nos Estados Unidos e Espanha, chegaram "à conclusão de que se conseguissem manter a essência do original e depois dar-lhe o lado português, com a presença de pessoas como o Toy – everybody loves Toy –, conseguíamos aqui uma maneira de funcionar para o público português".

Não esperaria, contudo, que chegasse tão longe. "Agora, esta loucura, desta dimensão, se calhar não estaríamos exactamente à espera... De repente, ver isto a vencer aos porta-aviões dos outros canais surpreendeu muito, começar a ver os outros canais a mudarem coisas na programação para combater esta loucura nossa, que está ali no seu cantinho e não imaginávamos que fosse provocar estas ondas de choque, no bom sentido..."

E agora a vida do grupo no programa chegará ao fim. "Acho que se calhar 16 episódios é o número ideal para estes grupos de pessoas continuarem a surpreender. E agora não sabemos se a terceira e a quarta vão ter o mesmo elenco, mas foi giro" ter sido assim ao início, conta. Sem confirmar directamente o que já tem sido divulgado na imprensa, adianta que a nova época, que já está a ser gravada, e com público, será feita com Madalena Abecasis, Wandson Lisboa, Cândido Costa e Gabriela Barros. Alguns destes nomes já foram convidados de episódios anteriores, uma das inovações desta adaptação. "É o efeito de teres ali um peixe fora de água todas as semanas que vai desestabilizar um grupo que já existe e ao mesmo tempo, não o escondemos, é quase uma espécie de casting para eventuais próximas temporadas", comenta.

"Obviamente vou ter saudades dos gritos da Inês, mas acho que o gozo aqui, parte do gozo do Taskmaster, está em cada temporada as pessoas inquirirem-se sobre quem é que vem a seguir e o que é as próximas pessoas têm para dar a isto e que tristes figuras vão fazer", continua o também argumentista do programa. "Vamos ter saudades destas pessoas, era uma família, criou-se ali uma espécie de família funcional/disfuncional que foi muito gira. Deu-me gozo conviver este tempo todo com estas pessoas e também sofrer às mãos delas", resume.

Este último episódio é, diz, um episódio algo "emocional", até por terem sido duas temporadas com estas pessoas – "se tivesse sido só uma talvez nos libertássemos de uma maneira mais fácil" –, mas não "é um programa lamechas". A convidada é Teresa Guilherme. É uma figura do passado de Markl, que causa sempre "tensão" quando partilham programas. "Tenho muito respeito pela Teresa", afirma, foi a primeira pessoa, na sua carreira, a dar-lhe um "ralhete fortíssimo". Na segunda metade da década de 1990, o jovem Nuno era um dos argumentistas de Ai os Homens, o "lendário" programa da SIC. "Era uma das pessoas que escreviam o sketch do António Feio, do Joni Bigode. Atrasei-me a enviar um texto. Eu tinha uma vida santa nas Produções Fictícias, estava a começar e era tudo muito tranquilo, até que calha atender uma chamada da Teresa Guilherme e quase chorei. Ficámos a dar-nos muito bem depois disso". Desta vez, será o árbitro do Taskmaster a "policiar" a apresentadora. "Tinha de ser o juiz das provas dela, há aqui uma mudança de dinâmica", comenta.

O "leque de provas" deste episódio final é, garante, "muito engraçado". Entre elas, uma que é das suas "favoritas do original inglês", em que os concorrentes têm de pedir "uma pizza com uma série de ingredientes e não podem dizer nem a palavra 'pizza' nem o nome dos ingredientes". Depois disso, há "um final épico", assegura. Adiciona que Toy "fez um discursozinho" que ainda não sabe se aparecerá na montagem final. "Acho que para os fãs que acompanharam estas duas temporadas é um final muito épico e com muita closure, fecha ali tudo muito direitinho".

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