Já houve 13 demissões neste Governo, como diz Montenegro?
O terceiro executivo de António Costa, que começou com 56 membros, não teve nenhuma grande remodelação, mas já perdeu 13 dos seus elementos originais (e não só).
A frase
Treze meses e 13 demissões depois de tomar posse, o Governo perdeu o Norte e está em agonia por sua culpa exclusiva. Independentemente do desfecho desta crise, o primeiro-ministro teve o seu canto de cisne.
Luís Montenegro, líder do PSD
O contexto
Foi só no dia seguinte ao pedido de demissão de João Galamba, que não foi aceite pelo primeiro-ministro, que o líder do PSD reagiu aos acontecimentos políticos da véspera. Reuniu a sua comissão permanente e, pela hora do almoço, fez uma declaração aos jornalistas. Nela acusou António Costa de ensaiar uma "fuga para a frente", disse que o primeiro-ministro tem o desejo de "provocar eleições antecipadas sem ter coragem de o dizer" e concluiu: que "qualquer que seja o desfecho desta crise”, o chefe do Governo teve na terça-feira, quando falou ao país para recusar o pedido de demissão do seu ministro, o “momento do canto do cisne”. Foi no início dessa frase que se referiu às 13 demissões em 13 meses desde a tomada de posse.
Os factos
O PÚBLICO fez as contas em Janeiro e, desde então, não houve mais alterações ao nível da estrutura do executivo. Na altura, nove meses após a posse, eram já 13 as baixas deste Governo, entre ministros (2) e secretários de Estado (11). Eis os nomes e respectivos cargos: Sara Abrantes Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e das Migrações; Marta Temido, ministra da Saúde; António Lacerda Sales, secretário de Estado adjunto e da Saúde; Maria de Fátima Fonseca, secretária de Estado da Saúde; Miguel Alves, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro; João Neves, secretário de Estado da Economia; Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços; Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro; Pedro Nuno Santos, ministro das Infra-Estruturas e da Habitação; Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infra-Estruturas; Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação (caiu com a demissão de Pedro Nuno Santos, mas entretanto subiu a ministra da Habitação), João Galamba, secretário de Estado da Energia (também caiu com a saída do seu ministro, mas veio a assumir a pasta das Infra-Estruturas); Rui Martinho e Carla Alves, ambos secretários de Estado da Agricultura. Destas saídas, apenas duas aconteceram por motivos de saúde. As restantes estão relacionadas com polémicas, desgaste político ou desentendimentos internos. Além das exonerações, os ajustes feitos contribuíram para que a equipa inicial, de 56 governantes, passasse para 60.
Em resumo
Luís Montenegro tem razão quando diz que em 13 meses já houve 13 demissões no terceiro Governo de António Costa. E o líder do PSD nem sequer está a contar com João Galamba, que se demitiu na terça-feira, dia 2 de Maio, mas viu o seu pedido ser rejeitado pelo primeiro-ministro. Neste caso, foi uma demissão que não se chegou a concretizar, não contando, por isso, para as estatísticas.