Airbnb regressa às origens com uma nova categoria: quartos
A Airbnb nasceu da ideia de alugar camas e quartos em casa para ajudar a pagar a renda. Com a inflação a disparar, lança a Airbnb Quartos, uma “nova versão do original” e mais de 50 funcionalidades.
A ideia de criar a Airbnb nasceu em plena crise económica, quando os dois fundadores, Brian Chesky e Joe Gebbia, decidiram arrendar colchões de ar na sala do apartamento que partilhavam em São Francisco, nos Estados Unidos, para ajudar a pagar a renda. A empresa surgia um ano depois, em 2008, e agora, com a inflação a apertar novamente os cordões à bolsa de hóspedes e anfitriões, decidiu lançar uma “nova versão da Airbnb original”, dedicada exclusivamente a quartos privados.
A Airbnb Quartos não é mais do que uma nova tipologia de alojamento, que permite listar na pesquisa apenas quartos privados em casa dos próprios anfitriões, mas traz com ela uma série de outras ferramentas, como o “passaporte do anfitrião” — apenas para esta categoria e que “inclui detalhes sobre a pessoa com quem vai ficar, como a sua ocupação, os idiomas falados, entre outras coisas”, detalha a empresa em comunicado. No ano passado, para mostrar a anfitriões e hóspedes que “não é assim tão arriscado” partilhar casa na Airbnb, o próprio director executivo colocou o anúncio de um quarto na sua casa na plataforma. Com a nova categoria Quartos passa a ser também possível saber se a casa de banho é partilhada ou privada, se a porta do quarto tem fechadura, ou quem estará em casa durante a estada.
“Com a Airbnb Quartos estamos a voltar à ideia que deu início a tudo — de volta ao nosso espírito fundador de partilha”, resume Brian Chesky, em comunicado. Para o co-fundador e director executivo, esta tipologia de alojamento não só é “mais acessível do que os hotéis”, como “a maneira mais autêntica de conhecer uma cidade”.
De acordo com a nota de imprensa, mais de 80% dos quartos privados disponíveis na plataforma custam menos de 100 dólares por noite (cerca de 91 euros), numa média de 67 dólares por noite (61 euros).
“Enquanto mais pessoas se convertem em anfitriões — terminámos o ano passado com mais 900.000 anúncios do que no início, excluindo a China —, os hóspedes optam por uma estada mais acessível, o que não é surpresa no meio de uma crise crescente do custo de vida”, nota um segundo comunicado enviado às redacções portuguesas, dedicado aos destaques do lançamento. “As noites em quartos privados em Portugal cresceram cerca de 115 por cento” em 2022, comparativamente ao ano anterior, acrescenta.
Ainda que não seja feita qualquer referência ao assunto, este regresso às raízes da Airbnb — cuja oferta passou a ser dominada pela reserva de propriedades em regime de exclusividade (leia-se todo o apartamento ou casa) — pode ser também resposta a algumas das principais críticas feitas à plataforma e ao alojamento local, pelo seu impacto nas localidades mais turísticas, como excesso de turismo, gentrificação ou escassez de habitação para os moradores locais.
A novidade faz parte do “mais extenso conjunto de melhorias na Airbnb de todos os tempos”, com mais de 50 novas ferramentas e updates, incluindo a visualização do preço total, mapas e “listas de desejos” melhoradas, pagamento em prestações (para já apenas disponível nos EUA e Canadá), e uma “significativa redução da taxa de serviço [cobrada] ao hóspede após o terceiro mês” para estadas prolongadas, além de um novo filtro que permite pesquisar por alojamentos disponíveis para estadas entre 1 e 12 meses.
Outra novidade procura dar resposta às críticas virais relativas às listas absurdas de afazeres durante o check-out impostas pelos anfitriões e que, em alguns casos, incluíam aspirar tapetes ou passear o cão. Passa a existir uma lista predefinida de opções habituais, que podem ser seleccionadas pelos anfitriões, para desencorajar pedidos mais sui generis, e os “anúncios com classificações baixas repetidas devido a tarefas irracionais serão removidos da Airbnb”.