Como é que se comporta o fluxo sanguíneo?

No nosso laboratório, o trabalho passa muitas vezes pela criação de um modelo da artéria, muitas vezes simplificado, e com a preparação de um fluido que visa mimetizar o sangue.

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Estudo do comportamento tridimensional do fluxo sanguíneo em modelos DR

Muitos de nós já ouvimos falar de “problemas de coração”, sejam relacionados com insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais ou tromboses. A verdade é que estas doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde, representam a maioria das mortes anuais por doenças não transmissíveis (DNT), nas quais se incluem o cancro, as doenças respiratórias e também a diabetes.

Os números elevados têm gerado alarme naquela organização das Nações Unidas e o objetivo é claro: reduzir o número de mortes por DNT através da prevenção e do tratamento. Um objetivo que depende fundamentalmente das instituições relacionadas com a saúde que irão trabalhar na prevenção, diagnóstico e tratamento.

A fim de concretizar o objetivo das Nações Unidas, as instituições de saúde também beneficiariam de melhores e mais avançados métodos de diagnóstico e tratamento deste tipo de doenças, o que poderá acontecer através do estudo da biomecânica das doenças cardiovasculares. Como é que se comporta o fluxo sanguíneo? É aqui que se insere o meu trabalho de doutoramento em engenharia mecânica, que oferece um olhar diferente sob o desenvolvimento tecnológico na área da saúde e também novos horizontes à engenharia cardiovascular.

O meu trabalho foca-se, mais especificamente, no desenvolvimento de métodos experimentais de visualização ótica que permitam estudar o comportamento tridimensional do fluxo sanguíneo em modelos artificiais, físicos de artérias, nos quais se possam incluir doenças cardiovasculares. Por exemplo, a aterosclerose – acumulação de placa nas paredes das artérias. Entende-se por comportamento tridimensional de um fluido uma representação matemática da velocidade do fluido em cada ponto no espaço.

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O investigador Gonçalo Coutinho DR

No nosso laboratório, o trabalho é muitas vezes iniciado através da criação de um modelo da artéria, muitas vezes simplificado, e com a preparação de um fluido que visa mimetizar o sangue.

Para a utilização dos métodos experimentais de visualização ótica, o modelo da artéria é colocado na mesa de trabalho de um microscópio ótico. O estudo do fluxo sanguíneo é realizado através da gravação de uma sequência de imagens da passagem do fluido através do modelo da artéria. Posteriormente, as imagens são processadas num computador utilizando software especializado e de onde se obtém o comportamento tridimensional do fluido.

É aqui que se encontram os principais desafios, já que esta área de investigação carece de métodos experimentais que permitam fazer uma caracterização tridimensional deste tipo de fenómenos e onde incide a grande fatia do meu trabalho: desenvolvimento dos métodos de visualização ótica e processamento de imagens.

No final do meu doutoramento espera-se que os métodos desenvolvidos permitam ajudar na compreensão do fluxo sanguíneo em artérias onde possam existir doenças cardiovasculares e que no futuro venha a ser uma das ferramentas a utilizar para diminuir, ainda que indiretamente, o número de mortes por doenças cardiovasculares.

Estudante de doutoramento do Centro de Estudos em Inovação Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento (IN+) do Instituto Superior Técnico

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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