Irmã de Kim Jong-un diz que acordo Washington-Seul ameaça a península da Coreia

Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, diz que acordo entre EUA e Coreia do Sul mostra uma “vontade de acção mais hostil e agressiva” e um “perigo ainda maior” do que aquele a que quer responder.

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O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e a irmã, Kim Yo-jung Reuters/POOL New
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A irmã do líder da Coreia do Norte alertou este sábado que o acordo nuclear entre assinado entre Washington e Seul, e que prevê o envio de um submarino nuclear norte-americano para a costa coreana, só pode levar a "um perigo ainda maior" do que aquele a que alegadamente pretende fazer frente, avançou este sábado a imprensa oficial de Pyongyang.

Para a Coreia do Norte esta movimentação vem demonstrar a necessidade de "aperfeiçoar ainda mais" o seu programa de dissuasão nuclear, disse a irmã de Kim Jong-un, citada pela agência de notícias norte-coreana KCNA. "Quanto mais os inimigos insistem em realizar exercícios nucleares, mais eles estabelecem armas nucleares perto da península coreana e mais o exercício do nosso direito de autodefesa será directamente proporcional", avisou Kim Yo-jung.

Os Presidentes norte-americano e sul-coreano assinaram na quarta-feira um acordo para reforçar a cooperação militar entre os dois países e permitir que um submarino norte-americano com armas nucleares atraque na península coreana pela primeira vez em 40 anos.

Este acordo "contribuirá apenas para expor a paz e a segurança no nordeste asiático e no mundo a um perigo ainda maior e, portanto, é uma acção que não pode ser bem-vinda", acrescentou a irmã do líder norte-coreano.

O acordo reflecte a "vontade de acção mais hostil e agressiva" dos Estados Unidos e da Coreia do Sul contra o Norte, disse a dirigente.

Na quarta-feira, o Presidente norte-americano proclamou o “sólido compromisso” dos EUA com a defesa da Coreia do Sul e precisou que esse compromisso inclui a protecção do seu parceiro contra qualquer ameaça, incluindo um eventual ataque norte-coreano. “Isto é especialmente importante perante as crescentes ameaças da Coreia do Norte”, afirmou Joe Biden.

O líder norte-americano está “muito equivocado e irresponsavelmente corajoso”, disse Kim Yo-jung, acrescentando que Pyongyang não descartaria as palavras de Biden, de 80 anos, como um "comentário sem sentido de uma pessoa senil".

“Quando consideramos que essa expressão foi usada pessoalmente pelo Presidente dos Estados Unidos, o nosso adversário mais hostil, trata-se de uma retórica ameaçadora, pelo que ele deve estar preparado para uma enorme tempestade”, disse.

O texto do acordo inclui a criação de um mecanismo de consulta bilateral que permitirá a Seul participar activamente nos planos dos EUA para retaliar em caso de algum incidente nuclear na região, incluindo um hipotético ataque norte-coreano.

A Coreia do Norte realizou um número recorde de testes de armamento nos últimos dois anos, depois da turbulenta Presidência do magnata nova-iorquino Donald Trump, entre 2017 e 2021, que ameaçou retirar as tropas norte-americanas da Coreia do Sul.

O número de sul-coreanos que defendem que Seul deve ter as suas próprias armas nucleares aumentou e, segundo as sondagens, quase dois terços são a favor dessa política.