“É quase surreal que Tchernobil volte às notícias pelo risco de um acidente nuclear”

As ameaças nucleares voltaram ao arsenal político, quando há novas expectativas em torno do uso civil do nuclear, por causa do clima. Livro sobre história de desastres nucleares expõe os riscos.

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Central de Three Mile Island, nos Estados Unidos, onde houve um acidente, em 1979
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Quando a energia nuclear vem à baila, hoje em dia, muitas vezes é porque há quem defenda que se invista nela como uma forma de produzir electricidade que não produz emissões de gases com efeito de estufa como as centrais a gás, ou o carvão. Há até ambientalistas que se converteram a este novo mantra do nuclear, após décadas a sublinhar a outra face desta tecnologia: foi desenvolvida pelos militares para construir as armas mais poderosas de que a humanidade dispõe, capazes de aniquilar o planeta.

“Mas já vi outros momentos de grande expectativa serem esmagados pelo acidente que se seguiu”, sublinha ao PÚBLICO nesta entrevista, por videoconferência, o historiador de Harvard (Estados Unidos) Serhii Plokhy, de origem ucraniana, que há longos anos estuda o nuclear, tanto civil como militar.

A conversa foi a propósito do lançamento em português do seu livro Átomos e Cinzas – Uma História Global dos Desastres Nucleares (Editorial Presença). O livro germinou a partir da sua história pessoal: era um jovem professor universitário na Ucrânia, então União Soviética, quando aconteceu o acidente de Tchernobil, o maior desastre nuclear civil.

Mas vai muito além de Tchernobil: mostra-nos que os erros de utilização da energia nuclear e de gestão da informação em caso de acidente não foram cometidos apenas pelo Governo comunista soviético, antes têm muitos pontos em comum em todos os países que apostaram no átomo, seja ele civil ou nuclear. Desde logo, o secretismo. “Como historiador, sinto que é minha obrigação dar a conhecer o passado, para podermos aprender”, diz Plokhy.

Recentemente, foi publicada em Portugal a sua obra Porta da Europa – Uma História da Ucrânia, com um prefácio do autor, já escrito depois da invasão russa da Ucrânia. Pode ler outra entrevista ao autor aqui.

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Serhii Plokhy: "Eu cresci na Ucrânia. Era um jovem professor universitário quando aconteceu o desastre de Tchernobil, em [Abril de] 1986" Kristina Conroy

Porquê um livro sobre desastres nucleares?
Bom, tem a ver com a minha história pessoal. Eu cresci na Ucrânia. Era um jovem professor universitário quando aconteceu o desastre de Tchernobil, em [Abril de] 1986. Alguns dos meus alunos foram recrutados para se tornarem “liquidadores” civis e militares mobilizados para lidar com as consequências do acidente na central nuclear [que era na então União Soviética]. Os meus filhos eram pequenos, tivemos de os manter dentro de casa durante todo o Verão. Por isso, escrevi um livro sobre o desastre (Chernobyl: A História de uma Catástrofe Nuclear, Editorial Presença). Alguns dos meus leitores, em comentários, diziam-me, “OK, expôs o encobrimento soviético do acidente. Mas acha mesmo que outros governos lidaram de forma diferente com estes problemas?” E disse para mim próprio: não sei a resposta. Fui procurá-la, e assim nasceu o livro Átomos e Cinzas.

Quando comecei a trabalhar neste livro, percebi que hoje estamos numa situação como a que existia no mundo antes da Crise dos Mísseis de Cuba – o interesse pelo tema nuclear conduziu-me também a escrever um livro sobre a Crise dos Mísseis de Cuba (Nuclear Folly: A History of the Cuban Missile Crisis).

Porque é que acha isso?
As regras criadas depois desta crise duraram décadas e acabaram com o fim da Guerra Fria. Agora estamos numa nova corrida às armas nucleares. A Rússia a declarar a intenção de instalar armas nucleares no território da Bielorrússia é mais uma indicação disso.

Mas o que é que receia mais nesta nova era atómica, que haja uma guerra nuclear ou que aconteçam grandes acidentes nucleares?
Aprendi com a investigação para o livro sobre a Crise dos Mísseis de Cuba que não há verdadeiramente intenção de usar armas nucleares, pelo menos não havia na Guerra Fria. Depois de Hiroxima e Nagasáqui, o entendimento era que seria desastroso, e não apenas para um país, mas para o mundo como um todo. Por volta de 1955, o mundo dotou-se de bombas de hidrogénio, o que fez com que as bombas do tipo de Hiroxima parecessem brinquedos de crianças. O perigo era global.

Os políticos sabiam isso, mas não conseguiam deixar de se envolver em provocações em torno das armas nucleares. E aqui é que estava o grande risco porque, como tentei mostrar no meu livro, surgiam muitos erros e mal-entendidos. A certa altura, por exemplo, Fidel Castro tentou encorajar a União Soviética a fazer um ataque preventivo contra os Estados Unidos.

Mas ainda mais preocupante era o facto de que, uma vez postas em movimento estas acções, nenhum dos principais líderes era capaz de controlar inteiramente o que se estava a passar, incluindo a decisão sobre iniciar uma guerra, lançar ataques nucleares. Isto é, a possibilidade do uso acidental de armas nucleares. Em 1962, este era o maior risco, e acredito que continua a ser o maior risco hoje.

Devemos levar a sério as ameaças que os russos estão a fazer sobre o uso de armas nucleares?
Como disse, estamos de volta à era nuclear. As ameaças nucleares voltam a tornar-se parte do arsenal político. Os EUA adoptaram em 1950 o princípio de que qualquer ataque contra tropas norte-americanas poderia ter uma resposta nuclear. [O líder soviético Nikita] Khrushchev dizia: “Vamos atacar-vos, vamos enterrar-vos”. Mas não chegou a esse ponto, pelo simples facto de que a União Soviética e os EUA não eram os únicos países que possuíam armas nucleares. Portanto, havia um equilíbrio nas ameaças nucleares, aquilo a que chamo um equilíbrio do medo. Agora há mais países a participarem neste jogo do que durante a Guerra Fria. O perigo está a aumentar.

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Trabalhadores retiram resíduos radioactivos após a explosão do reactor 4 da central nuclear de Tchernobil, em Abril de 1986 Igor Kostin/REUTERS

Acha que as gerações mais jovens têm consciência dos riscos do nuclear?
Para a geração que cresceu depois da Guerra Fria, é algo novo, é inesperado, é assustador e deve assustar. Mas fazendo uma análise histórica, isto não significa que a guerra será uma realidade.

Para que a nova corrida às armas não acabe numa guerra nuclear, tem de haver uma percepção [dos riscos], não só das elites políticas, mas também da população em geral. É preciso pôr de novo na agenda o tema do desarmamento, ou pelo menos do controlo das armas nucleares.

A Crise dos Mísseis de Cuba teve o efeito de assustar os principais intervenientes, que se mostraram dispostos a fazer muitas concessões. Os mesmos [John F.] Kennedy e [Nikita] Krushev [que se enfrentaram nesta crise] assinaram um ano mais tarde um primeiro acordo, proibindo os testes de armas nucleares na atmosfera, que passaram a ser só subterrâneos. E no final da década de 1960, temos [Richard] Nixon e [Leonid] Brejnev a iniciar as Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas, que levaram à assinatura do primeiro tratado de não proliferação de armas nucleares [SALT I], que durou até ao fim da Guerra Fria.

Agora há muitos mais condutores na auto-estrada do nuclear, digamos assim, e muito menos semáforos do que antes. É aqui que os cidadãos têm um papel a desempenhar, pressionando para que sejam retomadas algumas das regras de trânsito que existiam antes, para continuar a usar esta imagem. Porque este momento na política internacional é muito perigoso, é como se estivéssemos a passar por cruzamentos sem sinalização com camiões cheios de armas nucleares.

O acidente de Tchernobil funcionou como um acelerador da queda da União Soviética?
Sim, de uma forma muito interessante. Por um lado, foi o maior acidente da indústria nuclear civil. Provocou grandes problemas para a União Soviética no palco internacional, e teve um custo excepcional.

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Homenagem dos trabalhadores de Tchernobil aos "liquidadores", que foram chamados a lidar com as consequências imediatas do acidente de 1986 Gleb Garanic/REUTERS

Mas não foi por causa dos danos materiais, ou pelo número de pessoas que morreram ou foram afectadas, que Tchernobil contribuiu para o fim da União Soviética. Foi porque o Governo teve uma política de divulgação da informação sobre o acidente completamente errada. Escondeu a dimensão do acidente, o impacto que teve na população. Quando se alterou o clima político, com a introdução por [Mikhail] Gorbatchov de alguns elementos de pluralismo político e abertura, uma das primeiras coisas que surgiram foi o povo a exigir a verdade acerca de Tchernobil. As pessoas queriam saber se teriam sido afectadas, se os seus filhos estavam contaminados, o que tinha acontecido. E o Partido [Comunista], o Governo, foi acusado de ter criado uma espécie de genocídio nuclear por ter escondido a informação.

Outro factor importante é que a indústria na União Soviética, em particular a indústria nuclear, era mesmo muito centralizada. Portanto, na Ucrânia, ou na Lituânia, as pessoas olhavam para as centrais nucleares como símbolos do imperialismo de Moscovo. A revolta contra a indústria nuclear era também contra este centralismo, contra a componente imperialista do sistema político soviético.

Tchernobil também está muito ligado à história da Guerra Fria e ao uso da energia atómica para a guerra. A construção dos reactores foi relativamente barata, porque tinham sido convertidos para uso civil a partir de tecnologia militar. Eram uma tecnologia nuclear de uso duplo. Se houvesse essa vontade, podiam passar a produzir combustível para armas nucleares [em vez de electricidade]. Isso, claro, fazia aumentar a atmosfera de secretismo.

Percebe-se pelo seu livro que o secretismo tem sido uma característica da tecnologia nuclear, tanto militar como comercial. Até que ponto é que isto contribuiu para elevar os riscos?
Contribuiu muito. Hoje, temos cerca de 400 reactores a funcionar em todo o mundo. E não há nenhum que tenha sido construído especificamente com o objectivo de ferver água – porque é isso que fazem os reactores, certo? Fazem ferver água, e a água é transformada em electricidade [o calor dos reactores transforma a água em vapor, que é usado para accionar uma turbina para gerar electricidade]. Nenhum reactor foi construído do zero para fazer isto. Todos são adaptações feitas a partir de modelos militares.

Os Estados Unidos começaram a construir reactores mais seguros, para alimentar submarinos nucleares, na década de 1950. Mas o acidente da Central de Three Mile Island (Pensilvânia, Estados Unidos, 1979) aconteceu em parte porque os operadores do reactor tinham sido formados na Marinha, e lidaram essencialmente com os pequenos reactores que eram usados nos submarinos. E a física, a forma como funcionam e reagem os grandes reactores, é um pouco diferente, embora sejam construídos com base nos mesmos princípios. Esse foi um dos factores que contribuíram para o acidente.

Manter em segredo os projectos dos reactores foi uma componente dos acidentes, em especial na União Soviética. As origens militares da energia nuclear continuam a assombrar esta indústria até à actualidade.

Prometem-nos agora uma nova geração de pequenos reactores modulares, que serão os primeiros construídos especificamente para produzir electricidade, mas não sabemos quão seguros serão. Todas as novas tecnologias passam por um período de tentativa e erro, desde o motor a vapor até aos carros, todas passaram por um processo de aprendizagem, pontuado por acidentes.

Mas teme que possa haver novos acidentes nucleares, com o investimento em nova tecnologia?
Bom, existe o conceito de “acidentes normais”, pelo menos há um livro que tem esse título. O argumento é que em sistemas complexos é inevitável que aconteçam acidentes. Como seres humanos, não conseguimos prever todas as possibilidades. Os acidentes são estudados, e são feitos ajustamentos, mas surgem sempre novos acidentes, que partem de pontos inesperados.

O que enfrentamos agora, com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que inclui a invasão de instalações nucleares, desde Tchernobil até Zaporijjia [que é a maior central nuclear na Europa, com seis reactores], é novo. Acontece no meio de uma guerra, há combates no local da central nuclear de Zaporijjia. Um dos edifícios incendiou-se.

Nenhum dos reactores actuais foi concebido para suportar os riscos de uma guerra. Não há protocolos que os operadores da central possam usar nesta situação, para encerrar o reactor, o que fazer se não houver corrente eléctrica. O mundo está completamente impreparado para esta nova ameaça à indústria nuclear.

Sou um crítico da indústria nuclear, mas não digo que temos de encerrar todos os reactores. Num artigo que escrevi em Junho [de 2022] a convite da [revista] The Economist, terminava com uma frase em que continuo a acreditar: não devemos construir novos reactores nucleares até descobrirmos uma forma de proteger os que já existem.

A situação na Ucrânia é um acidente à espera de acontecer.
Exacto. É quase surreal, bizarro, que Tchernobil esteja de regresso às notícias de primeira página, por causa da possibilidade de um novo acidente nuclear. Não aconteceu em Fevereiro e Março [de 2022], quando esteve sob ocupação. Por um lado, foi pura sorte, por outro, foi demonstrada alguma contenção, e é preciso realçar o heroísmo dos operadores ucranianos da central. Quando lá chegaram os russos, o turno que devia trabalhar durante 12 horas acabou por ficar 600 horas, sem folgas, sob controlo militar, o que fazia aumentar ainda mais o nível de stress. Se isto não é a receita para um desastre, não sei o que será.

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Veículo militar russo junto à central nuclear ucraniana de Zaporijja, a maior da Europa SERGEI ILNITSKY/EPA

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) é eficaz para monitorizar e garantir a segurança da indústria nuclear?
O sistema de monitorização existe, mas depende da electricidade. Se o abastecimento de electricidade [às centrais nucleares] for cortado, não se pode fazer grande coisa.

Mas mesmo que tenhamos informação sobre o que se está a passar numa central nuclear, a comunidade internacional não está equipada para lidar com estes problemas. A AIEA, com sede em Viena, monitorizou o que se estava a passar em Tchernobil, e agora na central nuclear de Zaporijjia [ocupada pela Rússia]. Mas não tem na verdade nenhuns instrumentos para lidar com a situação.

Também foi lenta a tomar uma posição. A palavra “Rússia” nunca foi usada nas declarações feitas nos primeiros dois meses de guerra. As declarações da AIEA apelavam à cautela de ambos os lados. A AIEA monitoriza, faz soar o alarme, tenta visitar a central ocupada. Mas levou mais ou menos seis meses a adoptar o que é a posição ucraniana, que é dizer “não podemos ter combates em torno das centrais nucleares”. Rafael Grossi, que é o director-geral da AIEA, fez várias visitas à central de Zaporijjia, o que é um acto de grande coragem. Mas, recentemente, disse: “Infelizmente, todos estes meses de negociações provaram que é impossível ter uma zona sem combates em torno de Zaporijjia.”

O mundo não tem instrumentos para lidar com estas coisas. Isto porque a AIEA é uma agência das Nações Unidas, e a Rússia é um membro permanente do Conselho de Segurança. É um dos principais doadores que financiam a AIEA. A sua voz é importante nas eleições para o director-geral da agência. A segurança do emprego das pessoas que trabalham na AIEA, o financiamento da organização dependem muito de países como a Rússia, ou os Estados Unidos.

A AIEA foi criada na década de 1950 e o seu principal mandato é travar a proliferação dos “átomos para a guerra” e encorajar a proliferação dos “átomos para a paz”. Mas tem um grande conflito de interesses. Tem por missão encorajar o uso do nuclear para a paz, e verificar a segurança das centrais. Mas se for demasiado activa a fazer cumprir as regras de segurança, então não promove a energia nuclear. Não estou a atacar as pessoas, ou as instituições, mas a estrutura geral do mandato da AIEA. Estamos numa situação lamentável.

Acha que as alterações climáticas vão ser a tábua de salvação para a indústria nuclear?
Como historiador, sinto que é minha obrigação dar a conhecer o passado, para podermos aprender com o que vivemos. O que posso dizer é que as alterações climáticas mudaram bastante o debate sobre a indústria nuclear, porque muitos activistas do lado antinuclear mudaram de posição sobre o uso dos “átomos para a paz”. Há uma nova expectativa de renascimento da indústria nuclear, de novas tecnologias. A questão é se podemos mesmo continuar a aumentar a nossa capacidade nuclear de uma forma segura ou não.

O momento da história em que mais reactores começaram a ser construídos foi o fim da década de 1970, início da de 1980. E depois aconteceu o acidente de Three Mile Island [em 1979]. Não foi aprovado nenhum novo projecto nos EUA durante 30 anos. Poucos anos depois de Three Mile Island, aconteceu Tchernobil, e o número de reactores em construção caiu de forma drástica.

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Director-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, numa visita à central nuclear ucraniana ocupada pela Rússia de Zaporijja, em torno da qual há combates YURI KOCHETKOV/EPA

Anos depois, houve também uma expectativa de que a indústria voltasse a crescer, mas em 2011 aconteceu o acidente de Fukushima [Japão], que foi outro grande golpe. O acidente de Fukushima foi quase há 15 anos, as pessoas estão menos assustadas com o nuclear, e há esta expectativa em relação à energia nuclear, em especial no contexto do debate sobre as alterações climáticas.

Mas, entretanto, aconteceu a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a ocupação da central de Zaporijjia, de Tchernobil, por isso estão a surgir também novos pontos de interrogação. A captura das centrais nucleares na Ucrânia tornou-se um instrumento para a guerra e para fazer chantagem com o mundo.

Ainda assim, a tendência geral, parece-me, é a favor do nuclear. Mas já vi outros momentos de grande expectativa serem esmagados pelo acidente que se seguiu.

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Central de Fukushima, no Japão, que sofreu um acidente após um violento sismo e tsunami terem atingido a costa Noroeste do Japão em 2011 Digital Globe/REUTERS