João pediu ajuda ao ChatGPT para criar uma empresa. Resultou

Começou por uma curiosidade “quase infantil” de saber se podia funcionar. A empresa de T-shirts já conseguiu mais de 100.000 euros em investimento e vendas superiores a 12.000 euros desde Março.

Foto
João pediu ajuda ao ChatGPT para criar uma empresa. Resultou DR/Linkedin

O empreendedor português João Ferrão dos Santos criou uma empresa online com a ajuda da plataforma alimentada a inteligência artificial ChatGPT e a ideia tornou-se viral em menos de um mês.

O empresário conseguiu mais de 100.000 euros em investimento e vendas superiores a 12.000 euros desde que criou a empresa AIsthetic Apparel no final de Março, seguindo exclusivamente as instruções dadas pelo ChatGPT.

“No início, era para ser uma experiência a 30 dias”, disse à Lusa João Ferrão dos Santos, numa entrevista em Los Angeles. A ideia surgiu a partir de um tweet de Jackson Fall sobre pedir ao ChatGPT que criasse uma empresa lucrativa com um capital inicial muito baixo, de apenas 100 dólares.

“Vi aquela ideia e fiquei com uma curiosidade quase infantil”, explicou o empreendedor, que trabalha em startups há dez anos. “Se eu começar mesmo a montar uma empresa com base nesta ideia, como é que vai ser o percurso?”

O gestor deu as instruções ao ChatGPT, com um capital inicial de 1000 dólares, e o sistema fez o resto: sugeriu um negócio online de impressão de T-shirts a pedido, com loja no Shopify e logística fornecida pela Printful, e concebeu o nome e o conceito do logótipo. Os designs das T-shirts são feitos por modelos de inteligência artificial generativa.

“Em duas horas, tinha uma ideia de negócio, um logótipo e 2500 euros de capital inicial”, afirmou João Ferrão dos Santos, explicando que alguns dos seus amigos quiseram investir.

A experiência tornou-se viral quando o empresário escreveu um texto na sua conta pessoal de LinkedIn a explicar a ideia. “O algoritmo pegou naquilo e recomendou a toda a gente no mundo durante uma semana”, afirmou. A publicação tinha, na quinta-feira, mais de cinco milhões de visualizações.

“Lançámos a loja em quatro dias, vendemos 10 mil euros em T-shirts nos primeiros cinco dias. Tudo através do meu post no LinkedIn”, resumiu o gestor. As vendas ultrapassam agora os 12.500 euros e já estão assinados os contratos para 120 mil euros de investimento, com mais na calha.

“Assim que a ronda acabar, olhamos para o orçamento e vamos definir o futuro em conjunto com o nosso CEO, o ChatGPT, que aprova todas as decisões”, sublinhou. João Ferrão dos Santos designa o seu papel como o de “co-fundador humano”.

Uma vez que dois dos amigos que investiram inicialmente são dinamarqueses, a sede da empresa foi aberta em Copenhaga e está já a chamar a atenção dos consulados da Dinamarca nos Estados Unidos.

Em Maio, o gestor português vai ser um dos oradores de um evento para startups e investidores dos países nórdicos em Nova Iorque. Também irá aparecer num documentário da CBS News sobre inteligência artificial, gravado na cidade da costa Leste na semana passada.

Aos 34 anos, João Ferrão dos Santos é licenciado em Economia com um mestrado em Gestão pela Nova School of Business and Economics. Depois de trabalhar como nómada digital durante dois anos, passou as últimas semanas em várias partes dos Estados Unidos e tem a intenção de se mudar para o país nos próximos meses.