O mês de Abril está quase a terminar, mas para trás ficaram semanas de muito calor na Ásia, principalmente em países como a Índia, a China e o Bangladesh. Na Tailândia bateu-se o recorde de temperatura máxima a 15 de Abril, quando se atingiu os 45,4 graus Celsius na província de Tak, na região Ocidental do país. Poucos dias depois, atingiu-se os 42,9 graus em Sayaburi, no país vizinho Laos, chegando a um novo recorde máximo de temperatura para o país.
O Sudeste Asiático é caracterizado por regiões de clima tropical e está submetido ao regime de monções que se inicia dentro de algumas semanas. Abril acaba por ser o mês mais quente em muitos daqueles países. Mas o calor que se sentiu recentemente foi excepcional.
“A chamada ‘monstruosa onda de calor mortal’ rasgou o Sudeste e o Sul da Ásia”, disse Cordelia Lynch, a correspondente da Ásia para o canal britânico de televisão Sky News. “O que parece ser diferente na Ásia este ano é como tantos países viram um calor recorde e como veio tão cedo no ano”, acrescentou.
Na Birmânia, as temperaturas atingiram os 45 graus Celsius, na Índia 44,5 graus e na China 41,9 graus. Mas houve mais de cem cidades chinesas com temperaturas máximas recorde para Abril. Muitos destes dados sobre as temperaturas têm sido compilados por Maximiliano Herrera, um climatologista e historiador de meteorologia, como se apresenta na sua conta do Twitter. “Recordes de calor sem fim no Sudeste da Ásia, com semanas onde os recordes caíram todos os dias”, escreveu na quarta-feira, resumindo o que se passou ao longo deste mês.
Endless record heat in SE Asia,with weeks of records falling every day.
— Extreme Temperatures Around The World (@extremetemps) April 26, 2023
Last Monthly records broken in Myanmar:
Yesterday
43.0C Theinzayet
42.7C Shwekyin
41.7C Belin
41.0C Thaton
Today
42.2C Bago ALL TIME record tied (=april 2019,May 2020)
All stations with >50 years of data. pic.twitter.com/fK4NLVzsqO
O Financial Times dava conta que pelo menos 13 pessoas morreram de insolação em Bombaim. No Bangladesh, o aumento do gasto de energia levou a várias quebras no abastecimento eléctrico em várias regiões do país. Já na Tailândia, o consumo de energia atingiu um recorde de 39.000 megawatts a 6 de Abril, mais 7000 megawatts do que o que se gastou em Abril de 2022, quando se atingiu o recorde anterior, segundo o jornal britânico The Guardian.
Os cientistas dizem que é possível que 2023 se torne o ano mais quente de sempre, desde que há registo, já que há uma grande possibilidade que o El Niño se forme nestes meses. Este fenómeno climático caracteriza-se pelo aumento da temperatura da água superficial na região dos trópicos do oceano Pacífico e está associado a anos mais quentes.
“Os recordes de calor na Tailândia, na China e no Sul da Ásia fazem parte de uma tendência climática clara que vai causar desafios à saúde pública nos anos que estão por vir”, disse Fahad Saeed, líder regional para o Médio Oriente e o Sudeste Asiático na Climate Analytics, um instituto internacional de política climática, citado pela AFP.
“O calor extremo que testemunhámos ao longo dos últimos dias vai ter um impacto maior nos pobres”, disse o responsável, que está sediado no Paquistão. “Pode até ameaçar a vida dos que não têm acesso a ambientes arrefecidos ou abrigos adequados.”
Na sua conta de Twitter, Maximiliano Herrera vai noticiando os extremos meteorológicos que vão acontecendo por todo o planeta. Nos últimos dias, a Península Ibérica foi alvo de vários tweets, por causa das temperaturas extremas que assolaram Portugal e Espanha e fizeram quebrar recordes máximos da temperatura para o mês de Abril. De acordo com uma publicação de quinta-feira do climatologista, esta sexta-feira é a Argélia que vai surpreender: “Centenas de recordes vão ser pulverizados amanhã, a Argélia vai testemunhar algo incrível.”