Black Mirror volta em Junho com um elenco “que não tem o direito de existir”
Nomes são tão fortes – Aaron Paul, Salma Hayek, Zazie Beetz, Michael Cera – que impressionam o autor da influente série sobre tecnologia.
Black Mirror volta em Junho deste ano e com um elenco mais luxuoso do que nunca – e orçamento a condizer. De Aaron Paul a Salma Hayek, de Paapa Essiedu a Zazie Beetz, passando por Josh Hartnett, Kate Mara, Michael Cera ou Himesh Patel, a sexta temporada deu ao mundo tempo para respirar durante a pandemia e o seu criador enfrenta novos desafios: desde que Black Mirror foi uma pedrada no charco pelo seu formato e temática, muitos outros títulos já passaram pelos olhos de espectadores intrigados por distopias e pelo mistério da tecnologia na ponta dos seus dedos. “Viragens loucas e mais variedade do que nunca" é o que promete o autor, Charlie Brooker.
A novidade foi dada na quarta-feira pela Netflix, que revelou não só um teaser com as primeiras imagens, um vislumbre do que vem aí, mas também deu a palavra a Brooker no seu site dedicado aos fãs, o Tudum.com. Não se sabe ainda data de estreia em Junho nem quantos episódios terá ou a sua duração.
"Em parte como um desafio, e em parte para manter as coisas frescas tanto para mim como para o espectador, comecei esta temporada deliberadamente alterando alguns dos meus próprios pressupostos fundamentais sobre o que esperar", diz Brooker ao Tudum. “Consequentemente, desta vez, a par de alguns dos tropos mais familiares de Black Mirror, temos também alguns elementos novos, incluindo alguns que jurei que o programa nunca usaria, para alargar os parâmetros do que é um episódio de Black Mirror. As histórias continuam a ser todas Black Mirror, mas com algumas viragens loucas e mais variedade do que nunca", remata.
'Binge' da série toda
Black Mirror é uma série conotada com a Netflix, mas antecede a produção de séries pelo gigante do streaming: começou no britânico Channel 4 em 2011, teve segunda temporada no mesmo canal em 2013 e em 2015 o título foi adquirido pela Netflix, começando aí a era em que os tempos se alinhavam. Os tempos das séries de antologia, do visionamento em streaming desprendido de horários e grelhas, mas sobretudo o tempo das distopias e da reflexão sobre a forma como vivemos (ainda) hoje, expandidos, ampliados, dependentes e modificados pela tecnologia omnipresente.
Seguiram-se mais três temporadas (2016, 2017 e 2019) e um filme-episódio interactivo intitulado Black Mirror: Bandersnatch (2019). A quinta temporada, bem como Bandersnatch, não foram tão bem recebidos quanto as primeiras (apesar de o filme ter sido distinguido com dois Emmy), que contam com episódios premiados e memoráveis para os espectadores como San Junipero ou USS Callister.
Há algo de muito Netflix à mesma na premissa da série, e começa logo pela expectativa do seu criador: “Mal posso esperar que as pessoas façam ‘binge’ da série toda [a vejam toda de uma vez] e espero que apreciem – especialmente os bocados que não deviam”. Pelas imagens disponíveis, há mais violência à mistura e há sempre a promessa de algum jogo. Afinal, não sendo também ainda claro se haverá um elo de ligação entre episódios – o que seria de facto uma redefinição do que é um episódio Black Mirror, como quer Brooker – mas certo é que esta temporada aterrará num mundo que já viu muito.
Já viu Years and Years, sobre um futuro populista e tecnologicamente avançado mas suficiente próximo, ou Westworld, e na Netflix ganhou vizinhança com séries como Love, Death + Robots ou Altered Carbon; as séries de antologia, então, tornaram-se muito mais comuns desde o efeito Black Mirror. American Horror Story também teve um papel nisto, a par do seu próprio familiar directo American Crime Story, mas também de títulos mais recentes como The White Lotus ou mais coevos de Black Mirror como Fargo. O grande desafio de Black Mirror é reinserir-se com frescura num terreno onde já foi fertilizador, um problema mas que se resolverá rapidamente pela potencial pura qualidade do seu teor.
Para já, não se sabem ainda os nomes dos realizadores – são porém uma “incrível lista de realizadores repugnantemente hábeis e inteligentes”, segundo Charlie Brooker – mas já se pode debitar o elenco. Os nomes revelados, “actores tão talentosos que francamente não têm o direito de existir”, incluem então Aaron Paul (Breaking Bad, Westworld) mas também Anjana Vasan, Annie Murphy, Auden Thornton, Ben Barnes, Clara Rugaard, Daniel Portman, Danny Ramirez, Himesh Patel, John Hannah, Josh Hartnett, Kate Mara, Michael Cera, Monica Dolan, Myha’la Herrold, Paapa Essiedu, Rob Delaney, Rory Culkin, Salma Hayek Pinault, Samuel Blenkin e Zazie Beetz. Noutras temporadas participaram actores como Jon Hamm, Daniel Kaluuya, Miley Cyrus, Andrew Scott, Bryce Dallas Howard ou Letitia Wright.