Queda das acções empurra First Republic para medidas mais radicais

Banco norte-americano continua a ser visto como o principal candidato a seguir os passos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, tendo perdido esta terça-feira metade do seu valor em bolsa.

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Banco First Republic esteve esta terça-feira em queda na bolsa EPA/CJ GUNTHER

A criação de um “banco mau” ou a venda rápida dos seus activos são algumas das soluções em cima da mesa para tentar estabilizar o banco regional norte-americano First Republic, que esta terça-feira perdeu cerca de metade do seu valor em bolsa norte-americana e ameaça esta quarta-feira manter uma trajectória descendente nos mercados, contagiando o resto do sector bancário nos EUA e na Europa.

Depois do colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank em Março, o First Republic tem sido visto nos mercados como o principal candidato a tornar-se, na banca regional norte-americana, a terceira instituição financeira a não mostrar capacidade para resistir à actual conjuntura de escalada das taxas de juro e de desconfiança relativamente à solidez dos bancos de dimensão mais reduzida nos Estados Unidos.

Logo na semana a seguir à falência do Silicon Valley Bank, alguns dos maiores bancos norte-americanos, como o Bank of America ou o Goldman Sachs, juntaram-se para ajudar o First Republic a resistir, realizando depósitos na instituição com um valor de 30 mil milhões de dólares (27,23 mil milhões de euros ao câmbio actual). A expectativa era a de que assim talvez se conseguisse travar a corrida aos depósitos que se fazia sentir no First Republic e noutros bancos, estabilizando finalmente o sector.

Esta terça-feira, contudo, com a apresentação pelo First Republic dos seus resultados trimestrais, a esperança de um cenário benigno desse tipo parece ter-se esfumado.

Na segunda-feira ao fim do dia, o banco anunciou que, no decorrer do primeiro trimestre deste ano, tinha visto fugirem 100 mil milhões de dólares de depósitos. A resposta dos mercados a esse número foi uma queda a pique do valor das acções do First Republic, que na terça-feira perderam metade do seu valor em termos de capitalização bolsista. E, na manhã desta quarta-feira, antes da reabertura dos mercados, as expectativas continuam a ser de novas descidas no valor das acções ao logo do dia.

Em simultâneo, outros bancos regionais norte-americanos foram também penalizados pelos investidores, com o índice bolsista que agrega este tipo de instituições financeiras a registar na terça-feira uma perda de 3,8%. Os índices mais gerais do sector bancário tanto nos EUA como na Europa também diminuíram.

A única boa notícia do dia veio do anúncio feito esta quarta-feira por outro banco regional norte-americano, o PacWest, de que o volume de depósitos tinha estabilizado no final de Março e no decorrer de Abril.

Para já, os resultados do primeiro trimestre e a consequente queda do First Republic na bolsa está a forçar as autoridades norte-americanas e os responsáveis do banco a procurarem soluções mais drásticas para limitar os danos.

Em cima da mesa está, de acordo com vários órgãos de comunicação social, a possibilidade a criação de um “banco mau”, isto é, a divisão do First Republic em dois, colocando os seus activos mais tóxicos num veículo à parte, melhorando significativamente a situação do que restar do First Republic. Esta solução implica, é claro, que os actuais accionistas percam uma parte muito significativa do valor das suas participações.

Outra hipótese noticiada é a venda, total ou parcial, dos activos do First Republic a outras instituições financeiras mais sólidas. Neste caso, tendo em conta as actuais circunstâncias por que passa o banco, a operação implicaria igualmente perdas severas aos seus donos actuais, que já viram esta terça-feira este seu activo perder metade do seu valor.

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