Cordão humano no Hospital de Faro em apoio à médica que denunciou erros

Cerca de meia centena de manifestantes circundaram o Hospital de Faro para expressar apoio a Diana Pereira, a médica interna que denunciou alegados erros no serviço de Cirurgia.

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Meia centena de manifestantes mostraram apoio à médica Diana Pereira LUSA/LUÍS FORRA

Cerca de 50 pessoas participaram na tarde deste sábado, em Faro, numa manifestação de apoio a Diana Pereira, médica interna que denunciou alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro. A concentração, divulgada sobretudo nas redes sociais, partiu, pelas 17h, da igreja de São Luís, nas imediações do Hospital de Faro. Minutos depois, os participantes formaram um cordão humano, em silêncio, circundando a unidade hospitalar.

Os manifestantes exibiram faixas e cartazes onde se lia: "Quanto barulho cabe no silêncio" e "Defender para proteger". As cerca de 50 pessoas pararam também junto à entrada principal do Serviço de Urgência do hospital para cumprir um minuto de silêncio "por todos os doentes".

Nídia Silva, uma das organizadoras do evento, disse à agência Lusa que a manifestação "teve como objectivo, mostrar a gratidão para com a médica, que teve a coragem de denunciar 11 casos ocorridos na unidade hospitalar". "A manifestação surgiu da vontade espontânea de um grupo de cidadãos e pretende agradecer a coragem da doutora Diana, ao denunciar aquilo que outros não têm coragem de fazer", apontou.

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LUÍS FORRA/LUSA

Nídia Silva destacou "que o protesto é de cidadãos para cidadãos e não é contra os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, mas sim pela coragem demonstrada por Diana Pereira e contra o mau serviço hospitalar". "Os médicos são humanos e erram, mas há que admitir os erros e cabe à administração corrigir as situações que não estão bem", acrescentou.

No início de Abril, a médica Diana Pereira denunciou 11 alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, ocorridos entre Janeiro e Março, tendo apresentado queixa na Polícia Judiciária contra o seu ex-orientador de formação e o director do serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.

De acordo com Diana Pereira, dos 11 casos reportados, três dos doentes morreram, dois encontravam-se internados nos cuidados intermédios à data da denúncia, e os restantes tiveram lesões corporais associadas a erros médicos. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen, revelou Diana Pereira.

Entretanto, a médica - ouvida na quarta-feira no Hospital de Portimão no âmbito do inquérito interno instaurado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve -, pediu a suspensão do internato médico de formação específica de Cirurgia Geral, medida que está prevista na lei, enquanto decorrem os processos de averiguações aos casos reportados.

O Ministério Público também instaurou um processo para averiguar as denúncias feitas por Diana Pereira e a Ordem dos Médicos anunciou a criação de uma comissão técnico-científica de peritos, médicos independentes, para avaliar os casos reportados.