Pneumonia: profissionais de saúde defendem vacina gratuita para todos após os 65 anos
Parte dos profissionais inquiridos num estudo promovido pela Apifarma diz ainda que a vacina contra o HPV deve ser alargada a toda a população e a vacina contra a doença meningocócica a mais crianças.
A grande maioria da população tem a vacinação em dia e essa preocupação é ainda maior quando se fala de crianças e jovens até aos 18 anos, conclui um estudo promovido pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma). Também os profissionais de saúde consideram que o Programa Nacional de Vacinação (PNV) é um sucesso, mas uma parte defende o alargamento de vacinas que já fazem parte do PNV, e por isso de acesso gratuito, a outros grupos específicos.
“Apesar do sucesso do PNV, os profissionais de saúde consideram que ainda se pode melhorar, com o alargamento de algumas vacinas já incluídas no PNV a outros grupos populacionais”, lê-se nas conclusões do estudo Percepção do Valor das Vacinas, que é apresentado esta quinta-feira em Lisboa.
O trabalho de campo foi realizado entre 2 de Janeiro e 10 de Março deste ano, através de entrevistas online telefónicas e contou com duas amostras consideradas como representativas. Uma das amostras referentes à população com 18 ou mais anos a residir em Portugal com 2076 indivíduos e outra com 790 profissionais de saúde (150 médicos de família, 80 pediatras, 95 médicos de medicina interna, 40 pneumologistas, 66 ginecologistas, 202 enfermeiros e 157 farmacêuticos). A margem de erro é de 2,15% para um intervalo de confiança de 95%, refere a nota metodológica.
À pergunta “relativamente às vacinas já incluídas no Programa Nacional de Vacinação, alargaria a vacinação a algum grupo específico de indivíduos?”, 52% dos enfermeiros inquiridos, 44,9% do total dos médicos e 34,4% dos farmacêuticos responderam que sim. “Transversalmente, os profissionais de saúde referiram a importância de incluir em PNV as vacinas contra a doença pneumocócica para pessoas com mais de 65 anos, a vacina contra o Papiloma Vírus (HPV) para toda a população e a vacina contra a doença meningocócica para crianças de mais faixas etárias”, aponta o documento.
Uma norma da Direcção-Geral da Saúde (DGS), actualizada em Novembro de 2021, define que pessoas com mais de 18 anos possam receber gratuitamente, através do PNV, a vacina contra infecções por Streptococcus pneumoniae (uma das doenças que provoca é a pneumonia) que façam parte de determinados grupos de risco e recomenda que todos os adultos com idade igual ou superior a 65 anos também a tomem - podem comprar nas farmácias com comparticipação.
Também a vacina contra o HPV foi alvo de uma actualização recente. Inicialmente apenas acessível às raparigas, desde 2020 que o PNV alargou a sua toma gratuita aos rapazes.
Taxas elevadas de vacinação
Segundo o estudo, mais de 93% dos farmacêuticos, mais de 98% do total dos médicos e 99% dos enfermeiros inquiridos consideram que o PNV é um sucesso. Do lado da população, o cumprimento programa também é grande, já que 80% dos adultos disseram ter a vacinação em dia e 94,8% dos pais afirmaram que os seus filhos (com menos de 18 anos) também têm as vacinas em dia.
“A população reconhece que o Programa Nacional de Vacinação tem como objectivo a prevenção de doenças e por conseguinte a protecção da população”, salientam as conclusões do estudo, que destacam igualmente o facto de os participantes “reconhecerem a importância para a saúde pública da investigação de novas vacinas”, a protecção que estas conferem e o seu “contributo para a diminuição/eliminação de algumas doenças a nível mundial”.
A recomendação da vacinação faz parte da rotina habitual dos pediatras, dos médicos de família e dos enfermeiros. Além das vacinas que já fazem parte do PNV, há outras que também são recomendadas pelos profissionais de saúde.
“Apesar do custo das vacinas poder ser uma barreira, mais de 70% das pessoas afirmam que estariam disponíveis para comprar vacinas extra PNV. Pais com filhos menores são os que estão mais disponíveis para o fazer”, aponta o documento, que refere ainda que “mais de 95% dos pais de crianças e adolescentes com menos de 18 anos são da opinião que as vacinas com indicação pediátrica devem estar integradas no Programa Nacional de Vacinação”.