Preparem-se: para a semana teremos mais de 30 graus e volta a ser Verão em Abril
A falta de nebulosidade que é comum no mês de Abril contribui não só para a seca, como para criar uma anomalia em termos de temperatura, diz o IPMA.
A partir de domingo, 23 de Abril, o calor vai voltar, com temperaturas acima dos 30 graus, depois de uma sexta-feira em que a chuva vai reaparecer em todo o território e os termómetros baixar para níveis mais modestos. “Temos previsto 30 graus na segunda-feira para o Alentejo e com tendência a subir na terça e na quarta-feira”, disse ao PÚBLICO a meteorologista Paula Leitão, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A chuva de sexta-feira vai ser mais intensa no litoral norte e centro, “mas vai atingir todo o território, principalmente a partir do fim da manhã e durante a tarde”, diz a meteorologia. Mas será uma chuva temporária, passará a aguaceiros, que serão menos frequentes no sábado. “No domingo já temos novamente um dia mais seco e com a temperatura a subir”, prevê.
A tendência para temperaturas acima do normal é, na verdade, uma tendência de todo o mês de Abril. “A temperatura este mês tem estado bastante acima do normal. Já tivemos vários episódios em que persistiu durante mais de seis dias com valores cerca de seis graus acima do normal”, adiantou Paula Leitão. Ainda nesta quinta-feira a temperatura vai chegar quase aos 40 graus no Alentejo, frisou.
Isto acontece, porque a chuva tem andado afastada do território português, e já estamos numa época do ano em que a posição astronómica da Terra em relação do Sol faz com que a intensidade da radiação que chega ao nosso planeta seja bastante forte, explicou a meteorologista.
“Normalmente a situação mais frequente [em Abril] é de céu nublado, com passagem de superfícies frontais e períodos com chuva. Quando isso acontece, as temperaturas são um pouco mais baixas. Mas como este mês não tem chovido, temos tido dias de céu praticamente limpo ou pouco nublado, a temperatura tem tendência a subir”, sintetizou Paula Leitão.
“Este ano, como o céu está limpo, os dias já são compridos, e a posição da Terra em relação ao Sol é favorável, a temperatura tem estado a subir para os 30 graus, principalmente na parte sul do território.”
Tendência na Península Ibérica
Esta tendência verifica-se em Portugal e em toda a Península Ibérica. A agência meteorológica espanhola, Aemet, anunciou também que, após um alívio substancial durante o fim-de-semana, quando haverá chuva em boa parte do território, as temperaturas voltam a subir a partir de segunda-feira, com a entrada de uma massa atlântica de ar quente.
O resultado, diz o El País, serão “temperaturas muito altas para a época”, que podem superar os 30 graus no Sul da península, mas também no centro e até no Norte. Nas zonas do Guadiana e Guadalquivir podem atingir-se pela primeira vez este ano 35 graus, sublinha a Aemet. São valores típicos de Verão.
Esta falta de nuvens que ajuda a produzir temperaturas elevadas está a ajudar a configurar uma situação de seca, como em 2022, quando a Europa viveu o Verão mais quente de que há registo? “Neste momento penso que sim, porque houve muita precipitação nos meses de Novembro e Dezembro, as barragens encheram. Mas depois houve pouca precipitação nos meses seguintes, portanto, tivemos um Inverno seco”, sublinha Paula Leitão.
A especialistas frisa ainda que as previsões de seca são feitas pelos colegas da divisão de climatologia do IPMA, mas neste momento há condições para haver seca, sim: “Há água subterrânea, mas os terrenos estão secos, à superfície, de modo geral no território.”
El Niño no mundo
Há previsões de que o mundo possa quebrar um novo recorde de temperatura média em 2023 ou 2024, alimentado pelas alterações climáticas e pelo regresso antecipado do fenómeno climático El Niño, dizem os cientistas climáticos. Os modelos climáticos sugerem que após três anos do padrão climático de La Niña no oceano Pacífico, que em geral baixa ligeiramente as temperaturas globais, o mundo irá experimentar um regresso ao El Niño, o homólogo mais quente, no final deste ano.
Os modelos climáticos sugerem um regresso às condições do El Niño no final do Verão, e a possibilidade de um El Niño forte se desenvolver no final do ano, disse Carlo Buontempo, director do Serviço de Alterações Climáticas do programa europeu Copérnico.
Durante a influência de El Niño, os ventos que sopram para oeste ao longo do equador abrandam, e a água quente é empurrada para leste, criando temperaturas oceânicas de superfície mais quentes. “El Niño está normalmente associado a temperaturas recordes a nível global. Ainda não se sabe se isto irá acontecer em 2023 ou 2024”, disse Buontempo, citado pela Reuters.