Da inclusão ao sistema prisional, Festival Política foca-se no “pós-democracia”

Face aos “casos crescentes de abraço ao autoritarismo”, a edição deste ano foca-se na democracia. Haverá (novamente) espaço para falar sobre política e reflectir sobre temas como inclusão e feminismo.

Foto
O Festival Política terá lugar entre os dias 21 e 23 de Abril no cinema São Jorge MIGUEL SILVA (ARQUIVO)

De 21 a 23 de Abril, o cinema São Jorge vai voltar a acolher o Festival Política. A propósito da celebração do 49.º aniversário da Revolução dos Cravos, o foco deste ano está na ideia de "pós-democracia" e nos perigos e desafios que a democracia enfrenta. A programação tem actividades para miúdos e graúdos e explora temas que vão desde o empreendedorismo à arte, passando pela política, feminismo, racismo, igualdade e o sistema prisional.

Com o objectivo de "ser palco e voz" da ideia de que "os valores democráticos são inegociáveis", a mais recente edição do festival que nasceu em 2017 terá na mira "os casos crescentes de abraço ao autoritarismo", avança a organização. Segundo a co-fundadora e co-directora artística Bárbara Rosa, citada pela agência Lusa, temos assistido ao crescimento de "correntes menos democráticas, como a extrema-direita xenófoba nacionalista na Europa", motivada em parte pela "desconexão entre cidadãos e colectivos sociais e os partidos de massas".

Conhecido por ser um espaço de discussão e debate, o festival vai voltar a dinamizar a actividade "Cara a cara com os/as deputados/as", na qual os inscritos poderão questionar e falar com deputados de diferentes partidos. Conforme avançou a organização à Lusa, está confirmada a presença de Alexandre Poço (PSD), Duarte Alves (PCP), Miguel Costa Matos (PS), Pedro Filipe Soares (Bloco de Esquerda), Rodrigo Saraiva (Iniciativa Liberal) e Rita Matias (Chega).

Em diferentes sessões repartidas durante os três dias, será também tópico de discussão o actual sistema prisional e a forma como este impacta a sociedade; os problemas de falta de inclusão e representatividade que a Comunidade Surda continua a enfrentar no país; e o papel das mulheres na construção da sociedade independentemente das "etiquetas e rótulos que quase todas carregam".

Este ano a organização quis incluir também os mais novos. Para crianças com idades entre 6 e 12 anos, vão decorrer duas actividades: uma "oficina de pensamento" sobre o que é a liberdade; e um teatro sobre uma criança que experienciou a transição do regime fascista para o regime democrático.

Havendo ainda espaço para a cultura, estão previstas várias sessões cinematográficas, destacando-se a exibição de "Novíssimas cartas portuguesas", um documentário que questiona a luta feminista e as novas formas de opressão, tendo por base o julgamento das três Marias (e do livro “Novas Cartas Portuguesas”).

Dando continuidade à marca deixada por Hugo van der Ding em 2022, o humorista da edição deste ano é Fernando Alvim, que vai homenagear os portugueses "que têm uma palavra a dizer sobre o país e o mundo". Na vertente musical espera-se G Fema e Fado Bicha.

O Festival Política integra-se no programa municipal de Lisboa das celebrações do aniversário do 25 de Abril. No entanto, apesar da sua ligação à capital, serão dinamizadas outras edições em diferentes pontos do país. Em Maio terá lugar em Braga e espera-se ainda que passe por Loulé e Coimbra.