Parte da Baixa de Lisboa e da zona ribeirinha só vai ficar aberta a trânsito local
Veículos com mais de 3,5 toneladas também não vão poder circular durante o dia já a partir de dia 26. Alterações durarão pelo menos um ano mas algumas poderão tornar-se definitivas.
A zona entre as avenidas Infante Santo e Mouzinho de Albuquerque vai ficar apenas aberta a trânsito local (moradores e trabalhadores) das 8h às 20h já a partir do próximo dia 26 e por pelo menos um ano. Vai também ser proibida a circulação de veículos com mais de 3,5 toneladas, o que significa que deixarão de passar nestas ruas durante o dia autocarros turísticos e muitos dos veículos da distribuição. As medidas foram anunciadas nesta terça-feira pelo executivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Estas mudanças podem abrir a porta à redução do tráfego automóvel na Baixa de forma definitiva.
Esta é a resposta que a autarquia encontrou para os constrangimentos provocados pelas muitas obras que estão a ser levadas a cabo na capital do país e que se vão intensificar em breve. “Melhorar exige mudar”, disse o presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD).
Esta zona, que contempla uma boa parte da Baixa alfacinha e da zona ribeirinha, vai continuar aberta a transportes públicos, carris e táxis, mas não os veículos TVDE, uma vez que não são considerados transportes públicos.
Como resposta aos condicionamentos de trânsito, a CML criou o que chamou “5.ª circular da cidade” – uma via que vai ser sinalizada para que o trânsito desviado da Baixa e da zona ribeirinha circule preferencialmente por ali.
A apelidada “5.ª circular” tem entrada e saída pela Avenida 24 de Julho junto a Alcântara e pela Avenida Infante D. Henrique junto ao Parque das Nações. A via passa pela Estrela, Rato, Conde Redondo, Praça do Chile e Paiva Couceiro.
Devido às obras de alargamento do Metro de Lisboa, já na próxima segunda-feira vai ser encerrada ao trânsito a Av. Dom Carlos, tendo a câmara criado circuitos alternativos para o trânsito local e para os residentes e os transportes públicos. Segundo as previsões dos responsáveis pelo Metro, esta artéria da cidade deverá estar encerrada até Julho.
O controlo dos veículos que não podem circular nas zonas onde o trânsito é condicionado no período diurno será feito pela polícia municipal e quem violar as regras está sujeito a uma coima por desrespeito à sinalização de trânsito existente.
Na apresentação das novas medidas, Carlos Moedas voltou a salientar a importância da obra que vai criar o Plano Geral de Drenagem, acrescentando que a autarquia “está a fazer algo que nunca tinha sido feito”, assegurando que o está a fazer “de forma gradual”, de modo a causar “os menores danos possíveis” aos lisboetas.
O presidente da autarquia fez um apelo a “quem não precisa de vir à Baixa para que não o faça”, acrescentando que “foram criadas alternativas” para fazer decrescer o volume de trânsito na Baixa e zona ribeirinha.
Já Filipe Anacoreta Correia (CDS), vice-presidente da CML e com o pelouro da mobilidade, salientou que as alterações agora anunciadas têm como objectivo ter “uma cidade mais próxima, mais sustentável” e com “melhor segurança rodoviária e maior protecção da zona histórica”.
O autarca diz que o plano agora apresentado foi feito “com bom senso e equilíbrio” e que terá “a duração necessária, enquanto as obras durarem”, mas “nunca será inferior a um ano”. Anacoreta Correia admitiu mesmo “que, se correr bem, algumas das alterações agora feitas possam vir a ser definitivas: “Vamos testar algumas destas medidas e reavaliar. Algumas poderão manter-se para além destas obras e outras não.”
A manutenção em definitivo da restrição da circulação rodoviária nestas zonas pode representar o retomar do plano para a Zona de Emissões Reduzidas Avenida-Baixa Chiado (ZER ABC), que já vinha do anterior executivo (foi travado quando chegou a pandemia), mas nunca teve seguimento com o actual, embora tenha admitido estudar o assunto.
No que respeita às restrições para veículos com mais de 3,5 toneladas, Anacoreta Correia disse que, “no futuro, estas poderão mesmo ser reforçadas"”.
O vice-presidente da CML disse ainda que, antes de avançar com as alterações, os responsáveis pela autarquia fizeram várias reuniões com associações de comerciantes e operadores turísticos. “Sabemos que este é um desafio para alguns sectores, mas pode até vir a verificar-se que foi revitalizador”, referiu.
Anacoreta Correia afirmou ainda que o município está “à procura de soluções” de estacionamento com a Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) e com “privados que estejam disponíveis para soluções de estacionamento para residentes”, com comerciantes das zonas afectadas e também com parques dissuasores nos arredores, para quem quer entrar na capital.
Segundo os responsáveis do executivo camarário, Lisboa enfrenta neste momento “uma profusão de obras na via pública”, “pressão na Baixa e frente ribeirinha”, “constrangimentos na circulação, rodoviária, ciclável e pedonal” e “mais pressão no estacionamento”.
Neste momento decorrem em Lisboa as seguintes obras municipais e governamentais: Plano Geral de Drenagem, a expansão da rede do metropolitano, a reabilitação da rede de saneamento e repavimentação de vias.