Crítico de Putin e da invasão da Ucrânia condenado a 25 anos de prisão
Vladimir Kara-Murza, um jornalista com um passado de oposição ao Presidente russo, foi considerado culpado de traição por ter denunciado crimes de guerra na Ucrânia.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
Um dos mais persistentes críticos do Kremlin na Rússia, o jornalista e realizador de documentários Vladimir Kara-Murza, foi condenado nesta segunda-feira a uma pena de 25 anos de prisão por um tribunal de Moscovo, naquela que é a sentença mais pesada desde que o Exército russo invadiu a Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
Kara-Murza, de 41 anos, é um activista e político da oposição que tem passaportes russo e britânico, e que passou vários anos a manifestar-se contra o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a tentar pressionar governos de países ocidentais a impor sanções a personalidades ligadas ao poder em Moscovo por supostas violações dos direitos humanos.
Os procuradores do Ministério Público pediram ao tribunal que condenasse o opositor a 25 anos de prisão, acusando-o de traição, por ter denunciado a existência de crimes de guerra na Ucrânia cometidos por soldados russos; e de desacreditar o Exército da Rússia, por criticar a "operação militar especial" na Ucrânia.
Em entrevista à CNN horas antes de ter sido condenado, Kara-Murza reafirmou que a Rússia é governada por um "regime de assassinos"; e, antes disso, aproveitou os seus discursos nos Estados Unidos e na Europa para acusar Moscovo de bombardear alvos civis na Ucrânia.
No seu último discurso no tribunal, na semana passada, Kara-Murza comparou o seu próprio julgamento – realizado à porta fechada – aos julgamentos promovidos por Estaline na década de 1930, e recusou-se a pedir a sua absolvição.
"Os criminosos devem arrepender-se do que fizeram. Eu, por outro lado, estou na prisão por causa das minhas opiniões políticas. E sei que chegará o dia em que a escuridão que se abateu sobre nosso país se dissipará", disse o opositor de Putin.
Após ter invadido a Ucrânia, a Rússia introduziu leis de censura em tempos de guerra, que foram usadas para silenciar vozes dissidentes em toda a sociedade.
Segundo essas leis, desacreditar o Exército russo é um crime punido com um máximo de cinco anos de prisão, e promover informações deliberadamente falsas sobre a "operação militar especial" pode dar origem a uma sentença de 15 anos de prisão.
Os políticos pró-Kremlin defendem que a unidade da sociedade é vital e descrevem os dissidentes russos como parte de uma "quinta-coluna" pró-Ocidente que tenta minar a campanha militar na Ucrânia.
Em duas ocasiões – em 2015 e em 2017 –, Kara-Murza disse ter sido envenenado pelos serviços de segurança russos, tendo entrado em coma em ambos os casos.