A nova rota foi já aberta no final de Março, mas foi no final da semana passada que o “estado maior” dos responsáveis políticos e empresariais da cidade francesa de Nîmes apresentaram no Porto aquela que é uma aposta séria na aproximação entre as duas cidades, e não apenas no plano turístico: a partir desta Primavera e até final de Outubro, via Ryanair, Porto e Nîmes estão ligadas com dois voos, à quinta-feira e ao domingo, aos preços que a companhia irlandesa low-cost costuma proporcionar. Uma pesquisa rápida no site da Ryanair devolve possibilidades de viagens em Maio a pouco mais de 50€, ida e volta, apenas com bagagem de mão.
Além da ligação directa entre as duas cidades, esta nova rota abre aos portugueses o acesso facilitado a uma metrópole que é detentora não apenas de um vasto património histórico oriundo do tempo do domínio romano – Nîmes é muitas vezes denominada a “Roma francesa” –, mas que ostenta também relevantes marcas de contemporaneidade. Assim, se os principais ícones da cidade desta região da Occitânia, no Sul de França, são a Arena, a Casa Quadrada – “o templo romano mais bem conservado do mundo, e que este ano espera entrar na lista do Património da UNESCO” – e a Ponte do Gard, monumentos que remontam ao século I, também a arquitectura actual, com a assinatura de figuras como Elisabeth de Portzamparc (Museu da Romanidade), Jean-Michel Wilmotte (Museu das Belas Artes) ou Norman Foster (Museu de Arte Contemporânea Carré d’Art), poderá ser aí admirada, como assinalou no Porto o presidente da Câmara de Nîmes, Jean-Paul Fournier, a abrir a conferência de imprensa de apresentação da nova rota aérea, no hotel Le Monumental Palace.
Esta ligação directa vem associar-se àquelas que os responsáveis de Nîmes acabam também de lançar com as cidades de Dublin, na República da Irlanda, e Edimburgo, na Escócia, a acrescentar a outras já existentes com Londres e Bruxelas, mas também com Fez e Marraquexe, em Marrocos – a justificar a designação abrangente do aeroporto local: “Nîmes Grande Provence Méditerranée”, como foi realçado pelo seu director, Grégory Merelo.
Um aeroporto que se reclama também como porta de acesso ao “triângulo de ouro” do património desta região do Sul de França: Nîmes-Arles-Avignon, que, no conjunto, detêm os maiores sítios e tesouros já classificados pela UNESCO, entre os quais o já referido Aqueduto do Gard, uma obra de engenharia excepcional realizada no século I, com 275 metros de comprimento e 49 metros de altura (a mais alta do mundo romano), com três níveis de arcadas sobrepostas.
Além da vertente patrimonial, e de um clima mediterrânico que garante anualmente mais de 300 dias sem chuva, os responsáveis locais realçaram, no Porto, o “cintilante” calendário anual de eventos culturais e populares, entre os quais se aproxima o das Jornadas Romanas de Nîmes, que este ano decorrerão de 3 a 8 de Maio, com reconstituições históricas e espectáculos como o da Guerra dos Gauleses, na Arena romana, a recriar o imaginário de Astérix, Obélix e Vercingétorix.
Na vertente da gastronomia, a delegação de Nîmes lembrou que a cidade oferece cinco restaurantes com estrelas Michelin, bem como uma dúzia de produtos com denominação de origem protegida, entre os quais os vinhos com a designação “Les Costières de Nîmes”.
Para Franck Proust, presidente da Área Metropolitana de Nîmes, o lançamento da nova rota aérea constitui “um grande sucesso para os territórios do Porto e Nîmes, já que o turismo e a oferta cultural” são os eixos principais “do dinamismo económico” da região, afirmando também esta ligação como “uma nova porta de entrada para a Grande Provença".
A nova rota Porto-Nîmes vem acrescentar-se a três outras já existente para cidades do Sul de Franca, a partir da cidade portuguesa: Toulouse, Carcassonne e Marselha.