Margens de refinação da Galp sobem com redução de custo da energia

A margem de refinação da Galp subiu 6% em cadeia no primeiro trimestre do ano. Empresa estima em 10 a 15 milhões de euros a despesa com o novo imposto extraordinário aplicado pelo Brasil.

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No ano passado a Galp lucrou 881 milhões de euros Daniel Rocha

A margem de refinação da Galp subiu 6% em cadeia no primeiro trimestre do ano, tendo a produção de petróleo baixado 8% no mesmo período, foi esta segunda-feira comunicado ao mercado pela energética.

De acordo com o trading update enviado hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a margem de refinação por barril entre Janeiro e Março de 2023 foi de 14,3 dólares, contra 13,5 dólares no último trimestre de 2022 e mais do dobro dos 6,8 dólares em igual período de 2022.

Entre as razões para esse crescimento, diz a empresa, está a redução dos custos com a energia que se tem vindo a sentir nos últimos meses. Por sua vez, as matérias-primas processadas recuaram 5% em cadeia e 10% em termos homólogos.

Segundo a Galp, “as matérias-primas processadas baixaram e os custos operacionais aumentaram em cadeia depois da realização de actividades de manutenção planeadas”, para o período em análise, contando que os custos operacionais tenham sido de cerca de cinco dólares por barril.

A petrolífera prevê que os valores registados no primeiro trimestre tenham “um impacto estimado de 20 milhões de euros no EBITDA [resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações]”.

Assim, a margem de refinação, por barril, foi de 19,6 dólares no primeiro trimestre, abaixo dos 20,5 dólares no trimestre anterior e dos 21,8 dólares em igual período de 2022.

Imposto no Brasil custa 10 a 15 milhões

No primeiro trimestre deste ano, a produção de petróleo da Galp foi de 120,3 mil barris por dia, bem abaixo dos 130,4 mil barris diários do quarto trimestre e dos 131,1 mil barris do período homólogo.

A Galp justificou esta variação com a venda dos activos em Angola, registando que a produção no restante portefólio, composto por Moçambique (gás natural, em fase de arranque) e Brasil, subiu.

No caso do Brasil, depois de o executivo de Lula da Silva ter aplicado um imposto extraordinário, e temporário, sobre a exportação de petróleo, no final de Fevereiro, a Galp afirma que essa medida tem um custo estimado entre 10 a 15 milhões de euros. A petrolífera já afirmou que vai contestar este imposto.

Os activos de Angola foram vendidos à Somoil – Sociedade Petrolífera Angolana, uma empresa detida por investidores angolanos, por 830 milhões de dólares (cerca de 777 milhões de euros).

As vendas da Galp caíram 5% em cadeia, mas cresceram 3% em termos homólogos no segmento dos produtos petrolíferos e caíram 13% em cadeia e 33% face ao primeiro trimestre de 2022 no gás natural. Já na electricidade houve um recuo de 1% em cadeia e de 18% em termos homólogos.

A petrolífera atribui a subida da venda de produtos petrolíferos à recuperação no segmento B2B (‘business to business’), “nomeadamente do segmento da aviação”.

Já as variações no gás natural e na electricidade “reflectem uma optimização do portefólio dos clientes e uma redução da actividade dentro do segmento B2B”. A capacidade instalada da Galp nas renováveis manteve-se igual em relação ao trimestre anterior, mas a geração cresceu 46% “graças a uma maior irradiação”.

O trading update hoje divulgado antecipa a publicação dos resultados do primeiro trimestre da Galp, prevista para 5 de Maio. Pelas 9h30, as acções da empresa estavam a subir 1,28%, acima dos 0,67% do índice PSI.

Em 2022, a empresa teve com um lucro histórico: 881 milhões de euros, o dobro dos 457 milhões de euros registados em 2021.